terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ziraldo oitentão e seu forte time

No mês de meu aniversário, fico feliz não pelo meu natalício (ups!), mas pelo meus vizinhos importantes. Vizinhos que fizeram a cabeça de milhões de brasileiros e também a minha cabeça de garoto rebelde, menino ainda de calça curta, mas curioso, querendo saber e participar de tudo.
Um dos vizinhos ilustres é o nosso incomparável jogador de futebol Pelé. Nasceu hoje, há exatos 72 anos. Não tem quem diga, não é? Tá bem, o Negão. Sem essa de preconceito. Ele é chamado assim pelos mais íntimos. Pelé é indiscutivelmente o maior do mundo. Tem uns invejosos aí, mas ninguém lhe bate. Pode até ser meio chato, melhor calado que falando, mas que na bola foi o bom, ninguém vence este meu vizinho.
O outro ilustre é Mestre Ziraldo, que amanhã se torna oitentão. Este sim, posso dizer de cátedra, fez minha cabeça. Garoto, na faixa dos 10 anos, acompanhava mensalmente as aventuras do Saci Pererê, a primeira revista com um personagem brasileirinho da silva. Corajoso o Ziraldo. Pererê era o Saci e comandava sua turma de animais todos nativos de nossas florestas. Bichos que falavam, discutiam Ns assuntos, que  num período difícil do País, ajudaram na tranformação cultural de jovens. O artista ainda alinhavava a tentativa de uma nova  indústria do gibi nacional, só com personagens brasileiros. Vale lembrar, que  na época, a produção era toda "enlatada". O Pererê, que circulou por muito tempo, foi o primeiro gibi genuinamente nacional. Um herói bem brasileiro. Que lindo, hein?
Depois, juntamente com  um grupo de companheiros jornalistas e artistas como ele (chargistas e cartunistas), criou o Pasquim, o maior jornal alternativo do País. Na empreitada, figuras como Millor Fernandes, Caulos, Jaguar, Henfil, mais Tarso de Castro, Sérgio Cabral e outros. Ziraldo e seus colegar  revolucionaram a Imprensa nanica brasileira. O Pasquim  "iluminou" toda uma geração. Conseguiu viver sem publicidade, só da venda, o que hoje é impossível, principalmente nesse período de verbas públicas.
Ziraldo, 80 anos anos amanhã
Ziraldo é para este escriba um brasileiro diferenciado. Militante comunista, desde cedo envolvido em artes plásticas, cinema, literatura, criação de personagens com cara de brasileiro, esse mineiro de Caratinga que já conheci grisalho, consegue fazer rir e fazer chorar.
Aos 80 anos Ziraldo não é chato. Não ficou velho, rabugento. É muito admirado e amado pelas crianças. Gosta de falar de tudo. De sexo, de futebol. De mulheres. Lembro quando ele fazia aqueles desenhos com bico de pena de mulatas famosas, com proeminentes traseiros. Coisa de artista gráfico, que ele é simplesmente fantástico.
Ziraldo continua polêmico. Gosta de brigar. No bom sentido. Fala e não tem medo. Trabalha diariamente, talvez não por necessidade, mesmo porque é um abastado aposentado, inclusive com pensão por ter sido perseguido políticamente. Mas por prazer.
Gosta de produzir e produz diariamente. É o traço mais conhecido do Brasil, tenho certeza. É lúcido e livre. Adora ser um homem de 80 anos cheio de amigos, todos na mesma faixa. Que bom, que deve ser o papo de seus amigos, todos intelectuais tipo Sérgio Ricardo (músico, cineasta e artista plástico);  Zuenir Ventura (escritor);  Alberto Dines,(jornalista e escritor);  Roberto Farias (Cineasta). Ferreira Gullar (poeta e escritor); Antonio Abujamra (ator e produtor cultural); Jaguar (cartunista) e outros, que formam um time de octogenários que conhecem de tudo de nosso país, de nossa cultura, de nossa política e de nossas artes.
Um time de grandes brasileiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário