Nossa bandeira não pode parar de tremular |
Como cruzmaltino, se pudesse, disputaria e venceria em todos os esportes, até cuspe à distância. Como hoje nosso clube não está no futebol, que é o esporte que eu mais gosto, e estou dando minha contribuição, juntamente com Mário Mangas, Gerardo Monteiro e os membros da Confraria, à Garagem Náutica, desde que assumimos estamos preparando o espaço para que as vitórias venham. Mas, como os outros companheiros, tenho pressa, quero logo vencer!
Nestes um ano e quatro meses na garagem fizemos muito dentro da realidade econômica que temos. Com apoio de muitos colaboradores, principalmente os que ajudam com um carnet mensal, e da Diretoria, conseguimos colocar portas de ferro novas,que substituíram as velhas e quebradas grades; refazer toda a Copa; reformar (praticamente refazer) dois banheiros, masculino e feminino; pintar toda a frente da garagem com as cores da Tuna, inclusive portas e janelas; tirar infiltrações; comprar e colocar telhas novas; gradear a porta da frente, protegendo a entrada contra invasores e mais pequenos serviços como retirada de mato na frente do prédio por mais de duas vezes.
Conseguimos comprar um barco, um Dois Com, do remador Morgado; através do amigo e ex-jogador da Tuna Bosco, ganhamos 12 garrafões de água mineral por mês; com o GB Alírio Gonçalves conseguimos 20 litros de gasolina semanalmente; Do membro da Confraria Levi, ganhamos uma máquina de jato d'água e um televisor de 29 polegadas com o controle remoto.
E com a pequena mas importante arrecadação mensal com os carnets, muitas outras coisas estamos fazendo em prol do esporte náutico da Tuna. Como passagens de ônibus para os atletas e um café da manhã de qualidade, com bolachas, biscoitos (da Trigolino), café, leite e uma boa quantidade de pães doados diariamente pela Panificadora Pão Dourado, de nossa propriedade. Agora estamos começando a construção da nova rampa, que esperamos em um mês concluir.
É pouco ainda. Falta muito para concluirmos nosso modesto projeto para a Garagem. Precisamos de barcos, de remos e de um recurso mensal que nos permita dar uma ajuda de custo a pelo menos alguns atletas mais carentes, tipo uns seis ou oito, uma média de 200 reais mensais.
Se compararmos os 200 reais que queremos dar para cada atleta, com o que nossos adversários fazem dá até para rir. Eles, além de levarem nossos atletas com promessas de salários que chegam até a 3 mil reais mensais, ainda trazem remadores de fora, como o Paysandu fez na última regata, trazendo um argentino e uma atleta do Botafogo. E é porque eu lutei para que houvesse um limite nessas importações, já que na última regata do ano passado o Paysandu trouxe 12 atletas de fora, entre argentinos e cariocas. Particularmente acho uma afronta ao esporte e aos atletas paraenses
É uma luta árdua. Só quem está lá, quem gosta, quem ama, quem sofre, sabe onde o sapato aperta.
Poucos sabem o trabalho social que é o esporte de remo, pois os remadores, em sua maioria, são jovens da periferia, de bairros humildes como Jurunas, Estrada Nova, Guamá, Terra Firme, etc.
As autoridades, Governo e Prefeitura, não ajudam em nada. A Sejel da Prefeitura prometeu para nós uniformes e o café da manhã, mas o secretário nem sequer atende nossas ligações. E isso custa uma merreca comparando com os gastos que a Sejel tem com outros esportes.
Mas vamos continuar na briga. Esse desabafo é para melhorar nossa cabeça, que fica cheia de perturbações por não ganharmos. Na realidade há explicações, mas como disse no princípio, sou daqueles tunantes ranhetas, apaixonados, que não querem perder.
"Quero sempre vencer; sempre empunhar e colocar minha bandeira verde e branca no topo. E podem crer. Vamos conseguir".