Uma das canções mais polêmicas da MPB, gravada há 41 anos, "Canteiros", música de Raimundo Fagner interpretada pelo próprio, ao contrário do que muitos pensam, não é um um poema de Cecília Meireles. Na realidade, para fazer "Canteiros" Fagner usou um trecho do poema "Marcha", de Cecília, adaptou e pegou mais duas canções: ""Na hora do almoço", de Belchior, e "Águas de março", de Tom Jobim. Tudo junto (e misturado) gerou a belíssima e polêmica "Canteiros", gravada no LP "Manera Frufru, Manera", de 1973.
A canção foi proibida de execução por determinação da justiça, a pedido da família de Cecília Meireles. Fagner não podia sequer cantar, todos os disco recolhidos e o cantor, que estava praticamente começando sua carreira, se viu famoso e ao mesmo tempo marginalizado, acusado de apropriação indevida.
Peando bem, Fagner errou quando pegou uma pequena parte do poema da poeta Cecília Meireles e burlou como quis. Mas errou também quando fez o mesmo com as oobras de Belchior e Tom. Só que os dois levaram na base da homenagem , enquanto a família de Cecília botou o cearense no azeite quente.
A briga acabou, "Canteiros" até hoje, embora tenham se passado mais de 40 anos, é canção pedida em todos os bares e nos shows de Fagner. Gente de todas as idades conhece e curte a música, realmente um clássico da MPB.
E, pensando bem, foi até interessante para o na época jovem Raimundo Fagner se vê envolvido em polêmica tão interessante. No início o compositor-cantor sofreu, mas depois a música estourou e o "Manera Frufru, Manera" (que eu tenho em vinil e CD), passou da casa de 1 milhão de cópias vendidas, dando até hoje muitas alegrias ao compositor de Orós.
Abaixo, letra (poeticamente riquíssima!) original de "Canteiros" e uma gravação de Fagner interpretandosua pol}êmica e famosa canção.
(Fagner)
Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
Deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um toco sozinho ...
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração
Olá, Marcos. Passei por aqui e gostei mito de seu blog. A forma como você aborda vários assuntos diferentes com uma escrita leve, segura e que prende o leitor. Mto bom mesmo. Abraço, Rachel
ResponderExcluirBacana.
ResponderExcluirAinda bem que se inspirou em algo que realmente valha pena ler.
ResponderExcluirGosto demais dessa musica,amo Fagner.
ResponderExcluirGostei de ouvir sobre a história da musica.
Acredito que esta música seja uma apologia velada ao uso da maconha. Mas não tenho certeza.
ResponderExcluirTamanha imaginação de Fagner ao misturar letras de outros autores. Ficou excelente.
ResponderExcluirFagner fez o que tantos alunos de universidades fazem em monografias sem ser considerado plagio...
ResponderExcluirRaimundo Fagner é realmente um cantor de primeira qualidade onde fez muito sucesso durante muitos anos e anos e a canção Canteiros foi um de seus muitos clássicos e ainda hoje é. Tenho todos os discos em vinil de Fagner e durante minha mocidade foram meus companheiros. Parabéns a esse cearense Porreta por nos fazer feliz !
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