Nunca fui noveleiro, talvez até lamente pois poderia conhecer melhor o trabalho de José Wilker, ator, diretor, apresentador e cinéfilo, que morreu ontem de infarto fulminante, fora do tablado e do Cinema. Mas lembro perfeitamente do Zé, como era chamado por seus amigos na intimidade, em uma novela e no Cinema, onde ele brilhou em alguns filmes, a meu ver, inesquecíveis.
Foi em Roque Santeiro, de 1985, que penso que eu e uma geração de brasileiros esperou ansiosamente pela liberação pela censura da bela obra de Dias Gomes. Wiker fazia o papel do Roque, um elemento estranho, que havia passado um temporada exilado fora do país. Dias Gomes teve que cortar muito de sua obra inicial, mas o sucesso, principalmente por causa da censura, foi grande e a interpretação do Zé, embora eu não tenha visto toda a novela, excepcional.
Com a morte de Wilker, Cinema perde um de seus ícones |
No Cinema não posso esquecer três grandes papeis de José Wilker, cearense de Juazeiro do Norte e dono da melhor dicção do cinema brasileiro. Lorde Cigano, em "Bye, Bye Brasil", onde contracena com Betty Faria, a "Salomé"; "Dona Flor e seus dois maridos", genial obra de Jorge Amado onde ele é o Vadinho, primeiro marido de Flor; e "O Homem da Capa Preta", obra sobre Tenório Cavalcante, político que em meados do século passado foi a grande liderança e figura legendária pela sua valentia em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Pelo menos nestes três filmes, José Wilker encarnou personagens que nenhum remake destruirá. Foram interpretações únicas.
Ultimamente o via no Canal Brasil como apresentador e entrevistador de grandes artistas no programa "Palco e Platéia", onde o apresentador José Wilker anunciava seus colegas entrevistados com grande admiração, carinho e respeito.
Sem dúvidas, sua morte foi uma grande perda para o Cinema do Brasil. Valeu Zé. Você fez o seu papel com grande talento.
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