domingo, 8 de novembro de 2009

A VIDA COMO ELA É

A vida do ator é o palco. Os grandes mestres do teatro brasileiro, Paulo Autran, Paulo Gracindo, Procópio Ferreira e as grandes damas Fernanda Montenegro e Bibi Ferreira podemos dizer deram parte de suas vidas ao teatro, lotando as maiores casas de espetáculos com peças que se transformaram em verdadeiras lendas do teatro clássico e do entretenimento.
Assim como o teatro, o cinema, chamado sétima arte, revelou em nosso país grandes diretores e atores, alguns transformados em vilões ou canastrões pela televisão, outros, embora com talento,foram relegados a um plano secundário, por contrariar interesses de poderosos que detém a indústria do entretenimento nas mãos e não têm porque fazer algo que não lhes proporcione a certeza do lucro certo.
Glauber Rocha,um dos maiores do Cinema Novo, autor de Barravento e Deus e o Diabo na Terra do Sol dentre outros, morreu jovem, em delicada situação econômica e sem apoio para seus projetos.Na verdade Glauber, que só depois de morto virou gênio, era um intelectual sonhador, sempre com um projeto novo,mas que os financiadores tinham certeza que "não daria bilheteria". É a história que foi colocada na cabeça de alguns de que não sendo popular o povo não entende. "Tem que ter sexo, samba e carnaval", costumam dizer. Não sendo assim, neca,neca.
Um dos últimos grandes cineastas brasileiros faleceu ontem. Anselmo Duarte, que participou de vários filmes como ator, roteirista e diretor e que conseguiu marcar seu nome no cinema brasileiro e mundial como diretor de "O Pagador de promessas", tinha 89 anos e costumava reclamar da falta de incentivo a bons filmes. Duarte lançou Glória Menezes no cinema.
Lançado em 1962, "O Pagador de Promessas" ganhou a "Palma de Ouro" em Cannes e chegou a ser apontado ao Oscar como melhor filme estrangeiro daquele ano. Anselmo Duarte respirava cinema, era criativo e admirador da obra de outro monstro sagrado da sétima arte
Orson Welles, também tido como maldito como Glauber, por ter levado à tela grande uma obra baseada na vida do magnata da comunicação americana William Hearst (Cidadão Kane). A vida imita a arte, mas quando a arte tenta imitar a vida, aí sim. O bicho pega.


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