Num canal de TV a cabo que acesso sempre, reví o competente crítico muiscal Tárik de Sousa entrevistando o mestre do Samba Roberto Silva. Tem coisas que emocionam, principalmente pelo saudosismo, embora não seja tão saudosista. Mas Roberto Silva, que sei a maioria não conhece, tem uma enorme influência na minha vida, principalmente na minha parca cultura musical.
Tinha mais ou menos 10 anos quando um vizinho de nome Juracy comprou uma moderna "Radiola", que inclusive pegava mais de um LP por vez. Não sei se ele gastou toda a grana comprando o belo aparelho, só sei que só tinha dois discos, pelo menos era o que eu, bastante curioso, escutava. "Um órgão no Samba", que não lembro quem era o organista, e "Descendo o Morro", com o príncipe do Samba Roberto Silva.
De tanto ouvir "Descendo o Morro", passei a gostar do ritmo, do estilo de cantar, da voz e gravei todas as músicas, inclusive até hoje consigo cantar parte delas. om o surgimento do CD, há mais ou menos 20 anos, passei a procurar o "Descendo o Morro", pois sabia que não encontraria mais o LP, por estar, com certeza, fora de catálogo. Mas sonhava, pensava, onde estaria Roberto Silva, se estaria vivo, se ainda cantava. Foi quando no final da década de 90, numa coleção sobre samba o mestre Roberto Silva aparece cantando com a funkeira Fernanda Abreu ex-Banda Blitz, em um volume, e com Caetano Veloso em otro. Imediatamente comprei, porque gosto de samba verdadeiro. Me deliciei na época com o mesmo vozeirão e estilo de cantar samba sincopado, com o falsete bem original do Roberto Silva, já um pouco idoso mas parecendo muito firme.
Mas no baú de minha memória a entrevista de Tárik de Sousa me fez lembrar as belas interpretações de Roberto Silva em "Seu Libório", "Risoleta", "A mulher do seu Oscar", Juracy" "Falsa baiana" (essa, maravilhosa interpretação),"Agora é cinza" "A voz do Morro" e outras.
Decidí: vou procurar toda a obra de Roberto Silva, um jovem de 90 anos, completados agora em abril, e que não sei por que não foi, em sua época, considerado o "Rei do Samba", pois muito melhor de que os "bacanas" Ciro Monteiro e Orlando Silva, isso foi. E ainda é!
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