Os últimos 15 anos foram cruciais para a televisão brasileira. O nível de qualidade dos programas, que nunca foi muito bom, caiu assustadoramente, ao ponto de aumentar sensivelmente o número de assinaturas de TV a Cabo, a chamada TV por Assinatura.
Foi uma febre de programas popularescos que optaram pelo dramalhão, pela miséria, fofoca de casais, brigas familiares até o caos propriamente dito. Nesse clima de busca de audiência "custe o que custar", alguns se destacaram, apelando para matérias policiais sensacionalistas, entrevistas com bandiddos perigosos muitas vezes até pagando "cachê" e pelos casos arranjados, como as brigas de casais e até de pessoas da mesma familia ao vivo, sempre com a interferência "na hora h" de "seguranças" enormes, que também de mentirinha chegam a assustar os telespectadores pela violência que apartam as brigas. Tudo pelo Ibope.
Nessa corrida famigerada por audiência destes apresentadores popularescos, alguns se destacaram ao longo dos anos, ao ponto de "seus passes" valerem somas exorbitantes. Márcia Goldsmith, Datena, Gugu Liberato, Netinho, e principalmente Ratinho são alguns destes "apresentadores" que fizeram história na televisão. Inconsequentes e às vezes até irresponsáveis, eles continuam fuginda da ética e da seriedade, preferindo sempre o que lhes sustenta os gordos salários: audiência.
Semana passada, na onde visceral de conseguir mais audiência, o apresentador Ratinho levou ao seu programa o ex-ator Guilherme de Pádua, que no início dos anos 90 assassinou brutalmente a golpes de tesoura, a atriz Daniela Peres, jovem, bonita, que estava começando a carreira de atriz. Foi um crime chocante. Pádua passou um período preso, mas hoje já está livre.
É até natural que um presidiário queira recomeçar a vida. Todos merecem oportunidade. Mas pela natureza do crime, Pádua com certeza não pode ser uma pessoa normal. Mas para Ratinho é fato natural praticamente esquartejar-se um outro ser humano, ao que se sabe por uma banalidade. A comunidade artística, os amigos e os que acompanharam o crime na época não param de protestar o sensacionalismo de Ratinho. A insensibilidade do apresentador, que na hora não pensou nos familiares e na própria população brasileira que sempre se choca com esse tipo de crime.
Sou totalmente contra a censura. Mas defendo que oportunismo, a falta de ética, o chocante, que fere a sensibilidade de todos tem que passar pelo crivo de editores. É até uma questão cultural. O povo brasileiro tem que ter uma programção mais avançada. Chega de tanta mediocridade, tanta aberração. Da maneira que vai, na próxima semana o tal Ratinho vai levar o pedreiro que assassinou seis jovens em Goiás,, a filha que matou os próprios pais em São Paulo, e até o casal Nardoni, que assassinou covardemente pequena Isabela. É muito caos para o nosso povo. Já bastam os horrores que temos que temos que ver diariamente na TV. É necessário um basta, pois o povo brasileiro não merece viver sob o clima eterno do caos e do sensacionalismo barato.
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