sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O professor Leonardo, eu e a amizade

Amizade é uma coisa boa, mas também é uma coisa difícil, complicada, principalmente para os que valorizam muito as coisas materiais e esquecem que uma amizade pode durar toda a vida.
Os tempos hoje, lamentavelmente, estão mais que bicudos para uma boa amizade. A gente já confia nas pessoas, desconfiando, principalmente quando a amizade é um pouco nova.
Um antigo professor, de idade superior a 70 anos, mas que gostava de uma boa vida, um bom papo, amigos, uma cervejinha, reunião aos finais de semana, etc., certa feita conversando comigo me falou:
-Meu filho sou uma pessoa de muitos amigos. Aliás, de poucos, mas bons amigos. Com 71 anos, tenho somente 23 amigos. Mas são meus amigos mesmo. Pessoas que sempre estou encontrando, ou me ligam duas vezes por semana, e vice versa. Nos preocupamos c[uns com os outros.
Perguntei ao professor porque ele só tinha 23 amigos, não eram 30, 40, pois com uma idade já um pouco avançada e professor, poderia ter uma turma nova de amigos todos os anos.
Ele voltou a filosofar:
-Todos estes meus 23 amigos, meu filho, têm mais ou menos a minha idade. São pessoas que eu conheço de pelo menos 30 ou 40 anos. Não tenho nem um amigo que fiz de três, quatro ou cinco anos pra cá. Meus amigos são todos, como eu, veteranos. E lhe digo mais uma coisa: se você já passou dos 40, 50 anos, muito cuidado com os novos amigos. Normalmente, se ele anda atrás de uma amizade nova nessa idade, é porque já mostrou para alguns ex-amigos, que não é nada amigo de ninguém. Afaste-se dele!
Meu velho professor tinha razão. Amigo mesmo não trai. Amigo é camarada, companheiro, na sorte, na alegria, na saúde, na doença, na desdita. Amigo, como bem falou o poeta, é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito. Debaixo de sete chaves. Dentro do coração.
O verdadeiro amigo não pensa somente em si, mas em todos os amigos, no grupo.
O amigo verdadeiro, pode ter certeza, você poderá sempre contar com ele. Pro que der e vier. 
Uma boa amizade jamais pode ser destruída por interesses, sejam pessoas, financeiros. A amizade tem que vir sempre em primeiro lugar. A reciprocidade é fundamental numa boa amizade.
Sou uma pessoa feliz porque tenho bons amigos. Não são 23, como meu velho professor Leonardo, de Literatura. Acho que chega aos 40. Mas bato no peito. Os que são meus amigos, são "rocha".
Tenho amigos de mais de 30 anos de amizade. Uns aqui em Belém, outros em Brasília. Mas são amigos firmes, que sofrem, que sonham, que lutam juntos e sempre quando podem, estão confabulando, se ajudando, interagindo, para usar um termo do momento.
Alguns amigos, infelizmente, já se foram. Mas ficou a lembrança feliz de uma grande amizade.
(Dedicado a todos os meus verdadeiros e leais amigos)

2 comentários:

  1. Marcos,
    Pela elaboração do teu texto terminaste me incluindo, pois falaste em leais amigos.Como sou Leal em todos os meus atos e procedimentos, incluo-me entre eles.Gostes ou desgostes.Papo, apenas.Mas aproveitando o embalo, devo te dizer que três grandes amigos-irmãos já se foram;Negrão, Augusto e Bandeira.Não necessariamente nessa ordem.Caras que deixaram um vazio existencial muto grande.Ficou pelo menos o querido Bernardino Santos gente do melhor caráter que eu tive a felicidade de conhecer um dia.Uma das raras exceções de amizade jornalística.Hoje sinto e, muito, a falta dos meus grandes amigos.Mas a vida é como ela é, já dizia o filósofo Nelson Rodrigues.E a gente que fica tem que se conformar e se sentir recompensado por essas amizades que valeram apenas viver.Se na verdade existe outra vida além dessa, quem sabe não vamos nos encontrar e tomar todas por esse reencontro.Sem pressa, todavia, para não acelerar o processo...Tenho dito.

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    1. Meu Leal amigo. Por toda a vida, podes crer, sou e serei teu amigo. Talvez o Leal no final do texto tenha sido proposital; quem sabe(?), alguma força Superior tenha me imbuído de ser assim tão direto.
      É que temos na vida alguns amigos, como os que você tão bem
      citou, que a gente não esquece. Não que queiramos esquecer, é que a vida segue, e temos que pensar sempre no futuro, sem esquecer o presente.
      O certo é que hoje -aliás, como sempre foi- tenho poucos amigos. Mas aqueles que eu sempre serei Leal (de novo!) e que sempre, sei, terei Lealdade. Um forte, fraterno e Leal abraço


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