Todos os países têm suas culturas próprias. Alguns se destacam mais nas artes plásticas, que ao longo do tempo foram deixando marcas que se enraizaram, como a Itália e a Grécia.
Dentre as culturas, porém, uma deixa marcas em seu povo e além fronteira. É a cultura musical.
Também todos os países têm seu referencial musical masculino e feminino. Isso é praxe, pois mesmo que os anos passem, as referências musicais não morrem, até se eternizam, com gerações que mesmo que não tenham conhecido compositores e cantores, admiram, curtem, vivem o trabalho.
É natural, isso não é opinião minha, que os homens nesse meio se destaquem mais.
Porém, o destaque feminino na arte musical é uma marca em vários países do mundo. Passam anos, décadas e as grandes cantoras, principalmente, ficam eternizadas, sempre reverenciadas homenageadas com lançamentos em novas coleções, o que mostra que a popularidade de uma artista, principalmente pelo seu talento como cantora, é quase para sempre.
Elis: o Brasil se ressente de seu talento |
Portugal, país irmão, tem em Amália Rodrigues, a rainha do fado, sua maior referência musical feminina. Amália, que faleceu em 1999 aos 79 anos, é conhecida e reverenciada mundialmente pela sua bela voz, pelo seu estilo, elegância e carisma. Foi também atriz, mas seu talento como cantora é inconfundível. Seus sucessos são conhecidos mundialmente e seus admiradores, principalmente em Portugal, vão dos avós aos netos, que se encantam com a beleza de seus eternos sucessos.
Os estados Unidos tem algumas artistas que ficaram famosas, desde a época de ouro do Jazz, passando pelo rock até as baladas jazzisticas.
Gosto de algumas cantoras americanas, mas penso que a que eles mais reverenciam é Billie Holiday. Billie teve uma vida muito atribulada, e praticamente só se tornou a grande cantora americana depois de morta. Faleceu cedo, aos 44 anos, mas sua obra é sempre revisitada com edições quase sempre limitadas, algumas de luxo, que a qualificam como uma artista de altíssimo nível pela sua voz e sua qualidade interpretativa, própria para os que têm um bom gosto. Billie é fantásticamente, a meu ver, a grande cantora americana.
A França também é um celeiro de grandes cantoras. São muitas, mas Mireille Mathieu, hoje com 67 anos, é talvez o maior nome vivo da musica francesa. Mireille, que já ganhou vários discos de ouro, é dona de um grande talento e fez uma carreira internacional das mais longevas. além de bem sucedida.
Amália: eterna rainha do fado |
Mas indiscutivelmente o grande nome da música francesa é Edith Piaf. Edith, como a americana Billie Holiday, teve uma vida atribulada e cheia de contratempos desde a infância. A adolescênca foi também tumultuada, morando nas ruas, cantando em cabarés e pequenos bares. Nesse período, seu palco também eram as ruas, as praças. Cantava por qualquer quantia e até por bebida.
Foi descoberta por um empresário da música que imediatamente a contratou e a colocou na mídia.
Por ser uma pessoa que não teve uma base familiar, quando ficou adulta tornou-se uma pessoa frágil, adoecia muito, que juntando com os problemas com a bebida, fez com sua carreira fosse quase meteórica, mas de muito sucesso.
Holiday: preferida até pelos músicos |
Sua voz é inconfundível, perfeita, límpida, simplesmente maravilhosa. Até hoje é considerada a maior cantora francesa de todos os tempos, e seus maiores sucessos são tocados em todos mundo.
O Brasil também é um celeiro de grandes cantoras. Além das belas vozes e grandes intérpretes do presente, algumas até desprezadas pela mídia, temos muitas grandes cantoras, hoje já veteranas, mas respeitadas pelo que produziram e ainda fazem através de shows e especiais.
Maria Betânia, Gal Costa, Zizi Possi são as divas de nossa música popular, ainda são reverenciadas como as maiores. Marisa Monte é, a meu ver, o grande nome que surgiu há mais ou menos 20 anos, mas que tem uma voz, uma interpretação e um carisma fantásticos.
Mas de todas a maior mesmo foi Elis Regina. Elis fez o diferencial, fosse cantando sambas, boleros, marchas-rancho, sua voz, sua interpretação, seu estilo ficaram eternizados como de nossa maior e melhor cantora de todos os tempos.
Piaf: voz bela e inconfundível |
Teve, ironicamente como outras cantoras internacionais (Holiday, Piaf, Joplin) uma vida atribulada, e isso certamente foi o ponto nevrálgico de sua carreira. Morreu precocemente, aos 36 anos, quando fazia sucesso com qualquer canção que interpretasse.
Foi Elis Regina que lançou e projetou grandes nomes da MPB que ainda hoje estão aí como Belchior, Fagner, João Bosco, Renato Teixeira, além de ter sido a principal intérprete de nomes como Milton Nascimento, Ivan Lins e Chico Buarque de Hollanda. Era a preferia de Milton, que foi um de seus maiores amigos.
Elis Regina morreu em 1982, portanto há 32 anos, e seu nome é tão forte na cultura musical brasileira, que um show sobre sua vida e sua carreira atualmente faz sucesso no sul do país, com platéias lotando e se emocionando com o talento da artista que faz seu papel, utilizando os trejeitos, a interpretação, a simpatia e carisma da grande Elis no palco.
As cantora quando cantam com emoção e conseguem passar isso para o público empolgam. Vozes bonitas temos aos montes no mundo. Mas grandes cantoras e intérpretes inesquecíveis é bem diferente de ser somente uma grande cantora. As que conseguem fazer o diferencial, sentindo e passando muita emoção, ficam. E eternamente.
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