segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

ADEUS, COMPANHEIRO NEUTON!

A perda do companheiro Neuton Miranda,na madrugada do domingo, fecha praticamente um círculo dos grandes comunistas em nosso Estado. Coloco isso pela atuação de Neuton, que mesmo estando sempre na direção do partido em que permaneceu durante toda sua vida, foi na verdade um militante da base, participativo e sempre pronto para auxiliar e apoiar qualquer companheiro. Neuton entrou para o PC do B logo após o racha do partidão -PCB-, praticamente um garoto, há quase 40 anos. Oriundo de Marabá, terra de conflitos, Neuton como boa parte de estudantes de sua geração inclinou-se para a política de esquerda, foi dirigente da UNE e em nossa capital foi um militante comunista de vanguarda, com uma participação notável, sempre à frente das questões sociais e políticas desde os tempos da ditadura militar. Ao lado do deputado Paulo Fontelles, seu grande companheiro de partido, Neuton empreendeu um trabalho com a juventude nas escolas, na igreja, nos bairros, incentivando os jovens das décadas de 70 e 80 a se mobilizarem, participando dos movimentos nas artes musicais, cinema, teatro, literatura, poesia, mas com um envolvimento na política, sempre em busca de um Brasil melhor para todos.
Em junho de 1987, logo após o assassinato brutal de Paulo Fontelles, entrevistei Neuton na sede do PC do B, quando funcionava na esquina da Manoel Barata com Frei Gil. Dalí em diante fizemos uma amizade sólida, de respeito, embora em partidos diferente mas com as mesmas idéias de liberdade. Nos embates políticos com a direita, no também brutal assassinato de João Batista, na defesa dos Canutos que foram vitimados pelo latifúndio, Neuton sempre estava presente, fazendo um mutirão de denúncias e sempre solidario às vítimas e suas famílias. Nas duas eleições de Lula e na de Ana Júlia, Neuton e o PC do B foram grandes parceiros, com propostas e idéias solidificadas e acatadas tanto por Lula como por Ana.
Neuton se foi muito cedo. Ainda tinha muito fôlego e muita vontade de lutar. Mas seu legado continuará, na mente de jovens e velhos militantes, que um dia ouviram de sua voz calma mas firme:"Vamos lá, camaradas. Não podemos parar nem relaxar. A luta continua".

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