Depois da derrota da Mangueira; que o Flamengo perdeu para o Botafogo; que o Adriano jogou com a maior ressaca, quase dormindo em campo; que o Rancho se amofinou para o Bole-Bole; da ameaça do fim das categorias de base da Tuna; que o Arruda está prestes a sair da cadeia; que o Paulo Octávio ainda está pensando em renunciar ou não; que a Monique Evans espalhou que é mais gostosa que a Madonna; que mais uma vez todo mundo da Globo vai levar o Troféu Imprensa, chateado e enfadado, embora não tenha brincado carnaval, vou reler o livro de poemas "A vida passada a limpo" e publicar (obrigado, poeta!), esperando que gostem, um soneto de Carlos Drummond de Andrade, embora o poeta de Itabira não fosse muito lá de escrever sonetos, preferindo os poemas sem rimas e as crônicas poéticas. Lá vai:
INSTANTE
Uma semente engravidava a tarde.
Era o dia nascendo, em vez da noite.
Perdia amor seu hálito covarde,
e a vida, corcel rubro, dava um coice,
mas tão delicioso, que a ferida
no peito transtornado, aceso em festa,
acordava, gravura enlouquecida,
sobre o tempo sem caule, uma promessa.
A manhã sempre-smpre, e dociastutos
eus caçadores a correr, e as presas
num feliz entregar-se, entre soluços.
E que mais, vida eterna, me planejas?
O que se desatou num só momento
não cabe no infinito, e é fuga e vento.
(C.D.A.)
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