* Marcos Urupá
Em
dezembro de 2009, o Brasil viveu um momento histórico: acontecia a primeira
Conferência Nacional de Comunicação, capitaneada pelo Governo Federal.
Demanda
histórica da sociedade civil que defende a democratização da comunicação, e
mesmo com suas atipicidades, a I Confecom foi um momento marcante, onde a
comunicação ganhava relevância e ocupava de maneira institucionalizada as
pautas políticas dos estados e do país.
Quando
foi anunciada pelo presidente Lula, durante o Fórum Social Mundial que
aconteceu em janeiro de 2009 em Belém, todos da sociedade civil brasileira já
aguardavam os comportamentos dos estados para a convocação das etapas
estaduais.
Em
abril de 2009, saiu o decreto que convocava oficialmente a I Conferência
Nacional de Comunicação, e colocava aos poderes executivos dos estados a
convocação das etapas estaduais.
É
importante ressaltar que mesmo antes de Lula anunciar a Confecom durante o
Fórum Social Mundial, o governo do Pará, através da Secom – Secretaria de
Comunicação, já fazia o debate sobre a Conferência de Comunicação. A Diretoria
de Comunicação Popular da recém criada Secretaria já tinha a preocupação de
debater com a sociedade uma política de comunicação tanto para o estado quanto
para o país.
Até
o final do prazo para a convocação da realização das etapas estaduais, apenas o
governo do Pará havia convocado oficialmente a sociedade civil para debater os
rumos da comunicação no Brasil. No estado de São Paulo por exemplo, governado pelo
PSDB, a etapa estadual foi convocada pela Assembleia Legislativa.
Durante
todo o ano de 2009, todos estavam voltados para o debate sobre a comunicação. E
a criação da Secom veio fortalecer a proposta, já encabeçada a tempos pelo
governo federal, de criação de uma política de comunicação para o estado do Pará e fortalecer o debate que já acontecia no Brasil, com ampla participação
da sociedade.
Pois
bem....Depois de todo esse acúmulo, o que temos hoje? Já se passam cerca de 90
dias de governo no Pará e não se tem nenhuma manifestação sobre o assunto.
Até
o momento, o atual secretário e sua diretoria não se manifestaram sobre as resoluções tiradas na
Conferência Estadual de Comunicação, muito menos sobre a possibilidade de
criação de um grupo para discutir o Conselho Estadual de Comunicação.
Observa-se
a Secom-Pa completamente desconectada dos debates sobre a política de
comunicação brasileira. Isso reflete um retrocesso na política de comunicação
no Pará.
Creio
que a atual gestão ainda não compreendeu o real papel da Secretaria de
Comunicação. Ou então, tenta desviá-la da sua principal finalidade. Ações como
a expansão do sinal da da TV Cultura (que diga-se de passagem, foi a única
proposta de uma TV Pública estadual aprovada em GT na Conferência Nacional), a
retomada da Rádio Cultura OT, o Navega Pará, o fortalecimento do diálogo com a
sociedade, a criação do Conselho Curador da Funtelpa, etc...Não podem ser
simplesmente abandonadas.
Ao
mesmo tempo, observa-se uma ausência do Pará nos principais debates sobre a
comunicação que afloram no Brasil, tais como a nova Lei do FUST – Fundo de
Universalização do Sistema de Telecomunicações, o PNBL – Plano Nacional de
Banda Larga, o novo marco regulatório para a comunicação no Brasil, e as
concepções e premissas do sistema público de comunicação.
É
inadmissível o retrocesso dos avanços alcançados nesta área até aqui. Cabe à
sociedade ficar atenta e não deixar cair no esquecimento todo o avanço que o
estado do Pará teve na área da política de comunicação.
* Marcos Urupá é
jornalista, advogado e associado do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação
Social
Realmente, lamentável tanta esforço humano e material para a construção de uma política de comunicação que até agora não deu em nada...
ResponderExcluirParece o PCCR que tanta polêmica despertou na categoria dos educadores e,infelizmente, até aqui "nada de novo há no rugir das tempestades..."
Pergunta-se: cadê o Sindicato dos Jornalistas e dos Professores da Rede Pública???Por que estão tão calados?????