Ao ler comentário do cantor e compositor Zeca Baleiro em que o excelente artista maranhense fala do tratamento dado até pelo Google a artistas que foram ídolos no passado e que hoje são esquecidos, excluídos mesmo e até vilipendiados em sua arte e em sua sensibilidades motivei-me a falar de Dolores Duran, ontem, belíssima cantora e compositora que, embora não tenha alcançado (não suporto o "não é do meu tempo", cúmulo da pobreza cultural!), conheço bem a obra e seu valor na historia de nossa Música Popular. E hoje, ainda com as sobras do "manjar" de ontem, decidi falar um pouco de Miltinho, misto de pandeirista e cantor que nas décadas de 60 e 70 teve seu auge, com gravações históricas e encontros musicais com grandes ícones como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Dóris Monteiro e a fenomenal Elza Soares.
Miltinho tem hoje 82 anos, mas canta divinamente bem. De voz anasalada, marca registrada de seu estilo, onde o falsete tipo um breque é inconfundível, Miltinho é um artista antigo mas de vanguarda. Certa feita, ví em um documentário a repórter muito jovem demonstrar encantamento com a forma de cantar de Miltinho. Ele explicou que canta em dois tempos, melhor dizendo, a harmonia vai sempre na frente da voz, estilo moderno na época em que começou, década de 40 e até hoje diferente, porque ninguém consegue imitá-lo.
Miltinho foi o cantor do 4° Centenário do Rio de Janeiro, e quando comemorou 80 anos ganhou CD duplo com 28 sucessos, onde interpreta clássicos como "Laranja madura", "Você já foi à Bahia?", "Ri", "Mulher de 30", "Lembranças" e a belamente linda "Poema do adeus", composição do próprio Miltinho, que apresentamos aqui em clip do filme "O vendedor de linguiça". Vale a pena ver e ouvir, mesmo porque, sem preconceito, mas nem Cauby nem Miltinho são bregas. São até chic demais!
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