|
O premiado escritor Fernando Moraes |
A
rádio CBN entrevistou nesta quinta (28) duas personalidades renomadas
da cultura brasileira sobre suas opções no segundo turno das eleições
presidenciais. Um deles é o poeta Ferreira Gullar, eleitor de Serra. O
outro é Fernando Morais, jornalista, escritor e ex-secretário de Cultura
de São Paulo (no governo Quércia, quando criou a Universidade Livre de
Música).
Gullar, que em tempos já idos foi um homem de esquerda, justificou
sua preferência alegando conhecer José Serra desde os anos 1960 e
elogiando supostas realizações do tucano contestadas por especialistas,
como a viabilização dos genéricos, apresentada como resultado de uma
luta contra as multinacionais do remédio, o que não corresponde à
verdade, segundo o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite.
No
mesmo tom da campanha demo-tucana, o poeta e ex-comunista disse que não
vota em Dilma porque não a conhece e não confia em sua capacidade, um
argumento pífio e de fundo machista, que exala ignorância em vez de
sabedoria.
Dois exemplos
Já
Fernando Morais, autor do livro A ilha (sobre Cuba) e de uma bela
biografia de Assis Chateaubriand (Chatô), entre outras obras, foi bem
mais convincente ao expor as razões pelas quais vota em Dilma e não vota
em Serra. Leia abaixo o depoimento ( curto e grosso) do escritor à CBN:
“Eu
voto na Dilma porque é a pessoa mais qualificada para dar continuidade
ao período que é seguramente o período mais importante na história do
Brasil nos últimos 50 anos. Desde Getúlio Vargas nenhum presidente
promoveu transformações tão profundas quanto o Lula
“Vou pegar
dois exemplos, em primeiro lugar o feito que foi tirar da miséria
absoluta 30 milhões de pessoas, como a população inteira sabe. Isto
significa 10 vezes a população do Uruguai , seis vezes a população da
Dinamarca e não é esmola como dizem seus adversários. O Bolsa Família é
um projeto de integração, de inclusão social, provavelmente um dos
maiores já realizados no mundo.
“Depois, por outra razão que é a
política externa independente. Provavelmente o Brasil, desde Horácio
Lafer, não tem uma política externa tão altiva, tão independente, que o
Chico Buarque resumiu muito bem: é uma política externa que não fala
fino com Washington nem fala grosso com o Paraguai e com a Bolívia [o
contraste com a diplomacia dos pés descalços de FHC é colossal]
“Não
voto em Serra também porque conheço o Serra, sei quem é ele, é um
desagregador, um dos poucos políticos que eu conheço que não tem amigos.
O Serra foi a um cartório em São Paulo e registrou, escreveu num pedaço
de papel ´vou ser candidato a prefeito de São Paulo e prometo cumprir o
mandato até o fim´ . Assinou em baixo, José Serra, e no meio do mandato
foi embora, largou a Prefeitura pela metade, entregou a prefeitura para
o DEM, para a antiga Arena. Depois se elege governador, larga o governo
pela metade
“Como é que eu posso colocar para presidir um país,
que não é para ser gerente, o Brasil não é uma agência bancária, não é
uma loja de banana, como é que vou colocar para dirigir um país de 200
milhões de habitantes alguém que não cumpre nem a própria palavra.
“Essas são as razões essenciais pelas quais eu não voto no Serra”.
Da redação, com CBN (Do Blog Vermelho).
Nenhum comentário:
Postar um comentário