Em uma de suas músicas-poemas, se não me falha a memória no final dos anos 70 ou princípio dos 80, o menestrel paraibano exímio letrista de voz agalopada e viola estridente Zé Ramalho, escreveu um sonho que teve e cantou com o cearense Raimundo Fagner. Num dos versos ele cita "um poema de Gullar", alusão ao poeta maranhense Ferreira Gullar, naquele período récem-chegado do exílio, pois comunista que foi de carteirinha, Gullar era um dos gurus da geração de Zé, Fagner, Belchior e outros tantos jovens como eu, que fui um de seus grandes admiradores.
Mas o tempo passou e o hoje oitentão Ferreira Gullar já defenestrou tudo o que seu cérebro pensou em termos de comunismo, de socialismo e enfim, de teoria libertária. Como seu "companheiro" Fernando Henrique, sociólogo que "fez a cabeça" de milhares de jovens que leram, estudaram suas teorias sobre ciências sociais, socialismo, liberdade, mas que já há algum tempo pediu para esquecerem tudo que ele escreveu, Gullar também hoje é um braço direito do que de mais atrasado existe no país. O poeta maranhense que além de versejar bem, escreveu ensaios e algumas obras transformadas em músicas, líricamente lindas vale dizer, hoje defende a podridão preoconceituosa e nodorrenta de uma elite inconformada com um trabalhador no poder, com uma mulher presidente, através do sistema que um dia, tanto ele como FHC, lutaram para que fosse posto em prática: a democracia.
Juntam-se a Ferreira Gullar, que hoje tomado de tristeza lamento ter gostado tanto, uma meia dúzia de infelizes que não tomaram ciência que mesmo com a sujeira que fizeram na Imprensa, em blogs, através de emails, o povo repugnou o homem da bolinha de papel. O povo não quis, nem os quatrocentões paulistanos, que em sua maioria também votaram em Dilma.
Gullar já defendeu o povo, hoje defende as elites |
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