Tenho recebido "denúncias" de torcedores do Paysandu cobrando a fonte dos, segundo eles, altos investimentos que o Clube do Remo fez ao longo de 2013: aumentando o tamanho de seu estádio, mudando todo o gramado, adquirindo ônibus padrão, contratando jogadores, além de outros. Tudo isso mesmo que esteja fora de qualquer disputa nacional e tenha passado boa parte do ano completamente sem atividades.
A meu ver, isso é mais intriga de torcedores, inconformados com o que poderá ser o Remo em 2014, ou melhor traduzindo: "uma pontinha" de inveja de bicolores com os azulinos, ao ponto de até já terem feito denúncia ao Ministério Público, para que seja averiguado de onde estão vindo os recursos.
Não torço por nenhum dos dois: nem por Remo nem por Paysandu; ao contrário, sou cruzmaltino e meu time não participa sequer do Campeonato Paraense 2014.
Mas como amante do bom futebol, tenho sensibilidade o suficiente para reconhecer o poderio dessas duas grandes torcidas.
As torcidas de Remo e Paysandu, obedecendo as devidas proporções, não ficam nada a dever a de nenhuma equipe do Norte e Nordeste, embora Santa Cruz, Ceará e Bahia sejam, a meu ver, bem mais fortes que seus segundo e terceiros adversários locais.
Os dois, Remo e Paysandu, tenho certeza têm todas as condições de formar uma grande equipe só com o apoio de suas torcidas. Basta que eles -os torcedores- reconheçam que os dois clubes têm uma boa administração, que seja séria, competente e com comprometimento com o presente e futuro do clube, esquecendo as vaidades pessoais, além de possíveis cargos políticos ou até mesmo se locupletarem.
Não sei bem quem é o cidadão Zeca Pirão, além de saber que é vereador. Mas como presidente do Remo, mesmo que tenha começado sua gestão um pouco desnorteado, querendo agir mais como torcedor do que como gestor, passou a acertar, talvez aconselhado por pessoas de cabeça pensante, e passou a fazer um trabalho com os torcedores no sentido de que eles pudessem ajudar na gestão, com poderes e isso vem funcionando.
Com os brios feridos por não estar participando sequer da Série D, e com o aval do presidente, esses torcedores passaram a fazer parte da gestão de Pirão -dentre os quais um grande amigo deste escriba, Stefani Henrique.
Começaram a trabalhar através de uma estrutura simples mas bem montada, que está funcionando na arrecadação de dinheiro, ganhando materiais de construção, num trabalho voluntário de empresas e torcedores quase anônimos, recebendo apoio logístico, numa união que claramente alavancou o clube, que, mesmo sem disputar nada e sem ter uma fonte futebolística de arrecadação, vem fazendo as coisas, acontecendo e gerando até polêmica com o principal adversário.
A família de minha esposa é toda remista. Todos têm o comprometimento de ajudar, de uma maneira ou de outra: sendo sócio do clube, sócio torcedor, comprando cadeiras cativas, etc. Alguns começaram a ajudar em outras gestões, mas viram a incompetência dos dois últimos gestores e saltaram fora.
Hoje, com os resultados dos trabalhos que a atual gestão compartilhada de Zeca Pirão está fazendo, eles estão felizes. Senti nas conversas que tivemos no final do ano. Voltaram a ajudar, vão aos treinos, estão apoiando as contratações e já sonham com o título do ano.
Acho que isso é possível quando o clube tem uma torcida que tem comprometimento. Ela quando vê existe seriedade dos dirigentes, não pensa duas vezes, passa a participar, ajudar. Tiro isso por mim. Como torcedor de minha modesta Tuna Luso Brasileiro, mesmo sofrendo todo tipo de retaliação do presidente que graças a Deus vai embora de vez amanhã, passei os últimos cinco anos ajudando ao clube. Não a ele (embora por tabela ele seja beneficiado) mas ao Clube.
O Remo e sua torcida estão de parabéns. O torcedor tem que fazer mesmo, ajudar, apoiar, brigar pelo clube. O que os remistas estão fazendo deve servir de exemplo não somente para o Paysandu, que vem de uma má campanha na Série B, e mais do nunca precisa ser motivado, alavancado para fazer um bom papel no Campeonato e na Série C. E também à própria Tuna, que no momento não disputa nada, mas que tem uma nova diretoria assumindo amanhã e precisa mais do que nunca do apoio de seus associados e de sua pequena mas valente torcida para que brevemente volta "decomforça" aos gramados paraenses e brasileiros.
É importante que o associado do clube confie na gestão, que não só reclame, não só xingue. Ao contrário, que também faça a sua parte, com participação séria, com ajuda, com apoio. Como tão bem vem fazendo a torcida do Clube do Remo.
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