Última capa do JB, fechado por Tanure |
Como já havia sido anunciado, circulou hoje a última edição do Jornal do Brasil impresso. O JB, como era conhecido, morre aos 119 anos como um marco na Imprensa brasileira. Conhecido como o jornal da Condessa, o JB a partir de hoje fica somente em edição digital.
O Jornal do Brasil viveu seu auge na década de 60, quando resistiu, juntamente com o Correio da Manhã, à forte censura que dominava as redações. Chegou a uma tiragem de quase 300 mil exemplares diários. Na década de 80, o JB embora com a força do O Globo, que cresceu graças ao apoio da TV, ainda resistia com uma tiragem de quase 150 mil exemplares.
O JB teve em suas fileiras a fina flor do jornalismo brasileiro.Passaram por sua Redação Jânio de Freitas, João Saldanha, Armando Nogueira, o colunista Zózimo Barroso do Amaral, além de escritores-jornalistas como Clarice Lispector, Manuel Bandeira e Carlos Drumond de Andrade.
Fui um dos leitores do JB. Da década de 70 para 80 admirava seu estilo de texto e sua diagramação, nem muito moderna nem muito antiga. Foi o JB o primeiro jornal a orientar em seu manual de Redação não dar destaque a matérias policiais. As notícias de crimes hediondos, assaltos e qualquer tipo de violência não ganhavam destaque no jornal. Seus editoriais eram literatos, ricos em objetividade e seus textos redacionais eram leves, numa comunicação bem fácil, quase num estilo literário. Sua editoria de fotografia era de alto nível.
O JB começou a cair na década de 90. Mergulhado em dívidas que remontavam de empréstimos feitos a bancos como o Nacional e Econômico, falidos. O JB tinha hoje um passivo de quase 100 milhões, e como sua tiragem, de 130 mil jornais no começo dos anos 90, ficou reduzida a menos de 20 mil, ficou, segundo a direção, inviável. Com um custo de aproximadamente três milhões de reais mensais para poder circular, seu proprietário, empresário Nelson Tanure, preferiu optar pelo jornal digital. Sobre Tanure, mais aventureiro do que realmente empresário da comunicação, além do JB teve em seu poder também o jornal Gazeta Mercantil e a versão brasileira da revista Forbes, todos já fechados. Calcula-se que fiquem desempregados, com o fechamento do JB, mais ou menos 150 funcionários, destes, 70 jornalistas.
Hoje, funcionários e ex-funcionários fizeram ao meio dia uma última homenagem ao JB impresso, na Cinelândia, num ato programado pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro. Um abraço, como disse um de seus antigos jornalistas, "sem choro nem vela, mas como uma fita amarela, gravado com o nome dele: JB".
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