A morte do escritor português José Saramago, hoje pela manhã, em Lanzarote, na Ilhas Canárias, aos 87 anos, cala uma das vozes mais polêmicas da moderna literatura portuguêsa. Escritor premiado, de texto longo, sem parágrafo, e com poucas vírgulas e pontos, Saramago viveu os últimos anos de sua vida fora de seu País, Portugal, a quem defendia integrar-se à Espanha, discípulo que era do iberismo.
Saramago nasceu em Azinhaga (Ribatejo), província portuguesa em 16 de novembro de 1922. Cedo teve inclinação para as letras, mas por ser de família humilde, pai semi-analfabeto e mãe lavadeira teve dificuldades financeiras e somente perto de completar 20 anos conseguiu comprar seu primeiro livro.
Em 1998 ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro ganho por um escritor de língua portuguêsa. Ganhou também o Prêmio Camões, a maior honraria das letras portuguêsas.Militante político desde a juventude Saramago era filiado ao Partido Comunista, e mesmo com a crise nos países comunistas, nunca se desfiliou, tendo vivido momentos difíceis por perseguições políticas.
O intelectual português por ser ateu e por haver escrito em 1991 o livro "O Evangelho, segundo Jesus Cristo" sempre foi perseguido pela Igreja católica e por católicos. Por não ser tolerado por alguns membros da cultura portuguêsa, em 1991, após escrever "O Evangeho...", teve seu nome vetado de uma lista de autores portugueses candidatos a qualquer prêmio literário europeu. Daí, decidiu-se por um auto-exílio em Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
Um de seus livros mais famosos "Ensaios sobre a cegueira", foi adaptado para o cinema pelo premiado cineasta brasileiro Fernando Meireles, em 2008. José Saramago estava casado há 24 anos com a espanhola Pilar del Rio, com quem residia em Lanzarote desde 1991. Deixou no computador originais de um livro que estava em conclusão.: "Alabardas, Alabardas! Espingardas, Espingardas!", cujo título foi inspirado em verso do poeta português Gil Vicente.
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