Costumo dizer aos meus caros amigos que nasci ouvindo Luiz Gonzaga, para mim, um cantor de voz privilegiada e um dos grandes responsáveis pela divulgação do Nordeste, seus problemas, costumes, culturas , suas vicissitudes e peculariedades que hoje em dia o País e o mundo inteiro conhecem. O Programa radiofônico "Alma Sertaneja" fazia parte do meu dia-a-dia de garoto urbano que sonhava ver a figura daquele cangaceiro sorridente, sempre disposto a falar bem de qualquer cidade do Brasil, de Norte a Sul, porque Luiz Gonzaga era na verdade um brasileiro. O Rei do Baião, que eu, além do rádio, acompanhava através de "folhetos" com suas músicas, é incondicionalmente o grande representante do chamado Forró, que prefiro chamar de Música Nordestina, porque engloba Baião, Marchinhas Juninas e o belíssimo Xote. E mesmo com a invasão das bandas com um novo estilo de tocar e até dançar Forró, nesse período Junino, em que as quadrilhas originais ou "de 1,99" desfilam por bairros de todo o País, anda é o mais tocado, o mais lembrado, o mais querido.
A primeira vez que ví a figura de Luiz Gonzaga jamais esquecerei. Soube através de um serviço de som de rua que ele se apresentaria em um circo, desses de "pé de areia", com lona remendada e que menino entra por debaixo dela "de grátis". E eu entrei assim. Era um período de produção musical de baixa qualidade, jovem guarda, etc.Gonzaga estava meio esquecido. Quando ví o velho Lua tocando sua sanfona bela, confesso que tremí. De emoção. Já era a que ele apelidara de "Sanfona do Povo", com direito a nome gravado na madrepérola e tudo. Deu esse nome porque um espertinho lhe roubara a de 120 baixos. Fiquei louco por um autógrafo, mas não conseguí nem chegar perto do "Rei do Baião". Mas seu Lua deu um shouzaço!
Depois, conseguí entrevistá-lo e fotografá-lo. Gonzaga já era Gonzagão, já estava praticamente com uma vista comprometida, mas era o mesmo: simpático, cordial e sempre sorridente. Pouco tempo depois, entrevistei Luiz Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha, seu filho. Foi quando descobrí que, ao contrário do que muitos falavam, ele era apaixonado pelo pai famoso, a quem atribuia ser um dos maiores artistas do mundo. Gonzaguinha respondeu a uma pergunta que lhe fiz sobre quem era o maior artista vivo do Brasil: "Meu pai, Luiz Gonzaga". Viva São João, com Gonzagão, o eterno Rei do Baião!
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