O presidente do Instituo Vox Populi, Marcos Coimbra, escreve abalisado artigo onde mostra os balanços feitos pela Grande Imprensa e por articulistas sobre os oito anos do Governo Lula. Coimbra mostra, com inteligência e com a competência de quem trabalha com pesquisas há dezenas de anos, todos os diferentes aspectos das opiniões. O Blog transcreve aqui o artigo em sua íntegra.
Nos
balanços sobre o governo Lula que nestes dias pululam, o tom, na maior
parte das vezes, é uma mistura elogios e críticas. Há os que unicamente
encontram motivos para desmerecê-lo, mas são raros. Salvo um ou outro
dinossauro da antiga direita e os cômicos personagens da “nova direita”
da mídia, quem tem um mínimo de bom senso sabe que avaliá-lo desse modo é
bobagem.Também existem os que acham que tudo foi uma maravilha,
que Lula não pode ser cobrado por nada, pela simples razão de que só
acertou. São ainda menos frequentes, mas, vez por outra, ainda aparecem,
especialmente entre lulistas da velha guarda.Quase sempre, os
balanços procuram ser equilibrados, ressaltando acertos e erros,
sucessos e fracassos. Como, no entanto, a verdadeira imparcialidade não
existe, mesmo esses revelam de que lado estão os autores, se são mais ou
menos favoráveis ao governo.Do lado positivo, o grande consenso é
a política social, capitaneada pelos programas de transferência de
renda e cujo carro-chefe o Bolsa-Família. Só os preconceituosos não veem
sua importância e insistem no discurso de que ele perpetua a pobreza e
aumenta a dependência dos beneficiários. A evidência de que isso não é
verdade é tão ampla que somente a desinformação explica a sobrevivência
do estereótipo.Do lado negativo, até quem simpatiza com Lula
costuma arrolar o mensalão e os escândalos de corrupção como as
“manchas” de seu governo, seu pecado capital. Quando o assunto chega aí,
mesmo o mais ardoroso petista fica intimidado e prefere desconversarNo
meio, entre o Bolsa-Família e o mensalão, temos o vasto território de
tudo mais que o governo fez: política econômica, relações
internacionais, políticas setoriais, relações com os Poderes, ação
política. A respeito desse conjunto, prevalece a visão de que Lula
acertou mais que errou, quando se põem na balança as iniciativas de seus
dois mandatos.Para quem não gosta de Lula, o saldo é positivo
mais pelo que ele deixou de fazer, quando manteve as linhas mestras da
herança de Fernando Henrique, a começar pela política econômica e o
princípio da responsabilidade fiscal. Quem o admira ressalta o oposto,
as mudanças realizadas na gestão da economia e o caráter inovador das
medidas que criaram o ambiente de desenvolvimento que levou o país aos
resultados a que chegamos.
Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
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