Pesquisa feita recentemente mostrou que caiu o número de pessoas que são tratadas por apelido. Se analisarmos bem, a pesquisa é bem real, pois hoje em dia já não se apelida mais como antigamente. Puxando um pouco da memória, lembro da minha infância e dos meus colegas com seus respectivos apelidos. Era um tempo em que ninguém se preocupava com discriminação ou racismo, o que hoje é crime e pode dar até cadeia. A questão de apelidos era tão forte, que uma média de seis entre 10 pessoas não respondiam por seus nomes reais, mas por um apelido.
O Aldo, um dos meus grandes amigos, era conhecido por 17, talvez por ser bem moreno. Já o José, filho da dona Raquel, respondia pelo simpático nome de "Zé da Raquel". O Francisco, um dos mais briguentos garotos do bairro, era chamado de "Quinquim", enquanto seu irmão o Clesivaldo, era o popular "Vavá". O Afrãnio, goleiro do time, era chamado popularmente de "Galo Cego", por ter um problema no olho. Na mesma rua em que morava o Afrãnio, residia a família do Sr. Jairo e de dona Ana, mulher valente e briguenta. Seus filhos, o José, era chamado "Zé da Onça", o outro menor, era o "Branquim", enquanto o mais velho, Francisco era o "Chico". Tinha outro José, que era o bamba na bicicleta, fazia cavalo de pau, com um pneu só, etc. Seu apelido: Zé da Chiquinha, ou Zé da bicicleta. O Antonio era o "Toinho do Moura", seu irmão era o Zezinho. Um amigo, filho de uma mãe solteira já com certa idade, era o "Filho da velha".
Três irmãos, todos levando Francisco no primeiro nome, tinham apelidos. o Francisco Roque era o "Pé Pôde", o Francisco das Chagas era o "Chaguinha", o Francisco de Assis era o "Louro". O delegado do bairro era o "Delegado Fransquim". Um cidadão metido a valente, tipo negão, era chamado de "Chico Preto". O dono da venda era chamado de "Zé da Bodega", Dona Francisca era Dona Chiquita.
Bacana eram os times de futebol. Enquanto hoje os craques são chamados por seus nomes e até sobrenomes como Rafael Moura, Adriano, Lúcio, Magno Alves, etc. Há alguns anos atrás, os nomes eram "Chiclete", Didi, Biro-Biro, Pepe, Garrincha, Sapatão, Babá, Quarenta, China, Bobô, Zico, Fumanchu, Fefeu, Gameleira, Pingo, Cafuringa, Zizinho, Pipiu, Dunga e por aí afora. A questão dos apelidos era tão forte, que certa feita, o humorista Chico Anísio colocou em um de seus shows um radialista transmitindo um jogo onde todos os jogadores tinham apelido. Foi algo inusitado, com nomes tipo Chulé, Cachaça e outros.
Tinha até um juiz de futebol, que sempre citava jogos de times de bairro. Por ser bem escuro e gorducho, ganhou o apelido de "Macaca prenha".
O tempo em que quase todo mundo tinha apelido, era bem diferente do de agora, quando pouco se brinca na rua, pois não existe mais campo para peladas; é perigos, além de proibido soltar pipas, por causa dos fios elétricos. Assim fica cada vez mais difícil ser criança, principalmente de se "ganhar" apelido. Sobre meu apelido, confesso que nunca tive.
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