Às vezes me pego pensando o porquê de tanta admiração pelo envolvimento de policiais do Rio de Janeiro com corrupção. Parece até que é novidade neste País -e na maioria de países do mundo também-, polícia e políticos envolverem-se em falcatruas. A sociologia ainda não conseguiu explicar com exatidão por que isso acontece, embora algumas teses mostrem que é pela facilidade do lidar com armas, dinheiro ou melhor dizendo, com o poder. Ambos os profisssionais -policiais e políticos- têm um enorme poder, embora os policiais não tenham tanto dinheiro como a maioria dos políticos. Mas o poder de ambos é incontestável.
Os 45 policiais entre civis e militares acusados pela Operação Guilhotina, no Rio de Janeiro, dentre os quais pelo menos 38 já estão presos, abusaram da boa vida, ou como falam na gíria, deram mole, bobeira, por isso foram descobertos. Chegavam a movimentar uma média de 50 mil reais por dia em suas contas bancárias, movimento de grande empresa. A jogada desses maus policiais, nada exemplares como homens da lei, chegou ao cúmulo de eles venderem informações de operações policiais aos traficantes, coisa quase que cinematográfica, por soma que chegava a 100 mil reais.
Os acusados pela Operação Guilhotina faziam suas "operações" em vários setores, do fornecimento de armas tomadas de bandidos para traficantes, a milícias; de "seguranças" de moradores que eram extorquidos, a proteção a casas de jogos. As armas apreendidas pelos membros da Operação Guilhotina em poder destes elementos que envergonham a polícia civil e militar vão de fuzis a carabinas; de revólveres a pistolas, sem contar os equipamentos de comunicação -Rádios- e pelo menos 5.000 balas. Um verdadeiro arsenal bélico.
O "peixe grande" Oliveira nao quis ser herói. |
De todos os presos, o mais graduado, o chamado "peixe grande", é o delegado Carlos Oliveira, de 45 anos. que foi sub-chefe operacional da Polícia Civil do Rio de Janeiro e que havia assumido recentemente a sub-secretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública. Este já ganhou como "prêmio" a exoneração.
A grande farra dos policiais do Rio de Janeiro chegou ao absurdo de alguns dos envolvidos com o salário de 2 mil reais mensais possuírem até dois imóveis, em bairros de classe, ou ter em casa até cinco aparelhos de TV de LCD. O "peixe grande" Carlos Oliveira possui vários imóveis, um deles no valor de mais de um milhão de reais e "simplesmente" um automóvel Audi- A4.
O péssimo exemplo que os policiais do Rio de Janeiro estão dando para seus colegas de todo o País, envergonhando a caegoria, principalmente os mais jovens que estão chegando agora, não é motivo para que se faça julgamento apressado ou generalizado de que qualquer homem da lei. é susceptível à corrupção. Como em toda profissão na Polícia existem os bons e os maus profissionais. E todo ser inteligente sabe que o crime - e a corrupção é crime!- tem seu preço. E o preço não é lá muito baixo. Que o digam os 45 envolvidos pela Operação Guilhotina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário