Comecei na segunda a ler "Histórias e canções - Chico Buarque de Holanda", de Wagner Homem. O livro , presente do amigo Gerardo Von, é tudo de bom para os amantes da boa música e em especial de Chico Buarque de Hollanda, escritor, teatrólogo, cantor e compositor de marca maior. São pequenas historietas que Wagner Homem colheu através de pesquisa e com o próprio Chico Buarque, de quem é amigo há mais de 20 anos. Histórias de canções, como diz o título. Tem coisas muito interessantes e que servem para desmitificar estórias que sempre existem de músicas e músicos.
Em 1976 Chico estava no auge como compositor. Período da malDITA. Alguns anos após o discurso de Márcio Moreira Alves, que gerou o AI-5, uma nuvem de tristeza tomou de conta das cabeças pensantes, escritores, artistas e compoitores, que eram os principais focos de restência ao regime militar. Em 1976 Chico lança o LP "Meus caros amigos", cheio de músicas lindas e a maioria para peças de teatro e musicais. A canção "Meu caro amigo", de parceira com Francis Hime, foi uma das que pegou de primeira, dado seu estilo de chorinho e a belíssima flauta de Altamiro Carrilho, presente com grande destaque na música. Segundo o autor do livro Wagner Homem, o teratólogo Augusto Boal estava exilado em Portugal e vivia se queixando de os amigos não mandava notícias do Brasil. Naquele tempo as notícias chegavam via telex, não existia Internet, quem queria se comunicar tinha que pagar uma ligação internacional ou se submeter a mandar cartas, que poderiam ser inclusive censuradas.
Na ocasião Chico estava tentando fazer uma letra para uma música romântica,mas não conseguia avançar. Pediu a Francis um chorinho. Utilizando como refrão "a coisa aqui tá preta", atualizou a correspondência e informou não só o amigo Boal, mas todos os brasileiros, sobre a situação do país. Em depoimento para o livro Chico Buarque do Brasil", organizado por Rinaldo de Fernandes, Augusto Boal descreveu a emoção de ouvir a homenagem pela primeira vez:
"Foi assim, tranquilo e a osto, que me lembrei do dia em que estávamos almoçando bacalhau à Braz -com Paulo Freire, sua esposa e sua equipe, Darcy Ribeiro e outros amigos exilados- na casa onde morávamos Cecília, eu e nossos filhos, em Lisboa, no Campo Pequeno - onde ainda se humilham touros com bandeirolas coloridas espetadasno sangue, sendo retirados da arena depois da faina, vivos, mas envergonhados, por doze vacas corpulentas com guizos no pescoço! -, quando, na sobremesa, minha mãe visitante me disse que tinha trazido do Brasil uma carta do Chico.
Pusemos a carta-cassete na vitrola e, pela primeira vez, ouvimo "Meu caro amigo", com Francis Hime ao piano. Falávamos tristezas, e ouvimos um canto de esperança.
Chico resistia, aqui no Brail, escrevend "Apésar de você" e "Vai passar"; e nos ajudava a resistir, lá fora, cantando sua amizade. Sua lírica era a mais pura poesia épica: seu caro amigo eram todos os nossos amigos, e todos os nossos amigos eram seus".
Para os amigos de Chico, que são os amantes de sua bela poesia, "Meus caros amigos", ao vivo. De grátis, o piano de Francis Hime.
P.S.: Semanalmente postaremos uma história sobre uma grande música de Chico Buarque. É uma maneira de homenagear o poeta Chico. (M.M.)
P.S.: Semanalmente postaremos uma história sobre uma grande música de Chico Buarque. É uma maneira de homenagear o poeta Chico. (M.M.)
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