Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido nacionalmente como Major Curió, um dos chefes da
repressão à Guerrilha do Araguaia, foi preso anteontem em sua casa em
Brasília, durante uma operação de busca e apreensão a documentos da
ditadura militar.
Os agentes federais buscavam documentos que pudessem
ajudar na localização de corpos das vítimas da guerrilha. Segundo a
Superintendência da Polícia Federal (PF) do Distrito Federal, o major
Curió guardava em casa armas sem o devido registro de porte, o que
resultou na prisão.
A PF não informou quantas armas e quais os
modelos do armamento encontrado sem registro. Depois de prestar
depoimento à Justiça Federal e aos policiais federais, Curió foi levado
para o Batalhão de Polícia do Exército, uma vez que é militar, onde
está preso.
Os agentes federais e o procurador da República Paulo
Roberto Galvão foram até a casa de Curió para tentar resgatar
documentos do período da ditadura (1964-1985), em especial de sua
atuação durante a Guerrilha do Araguaia, nos anos 70.
Nos últimos
anos, Curió afirmou em entrevistas que possuía farto material com
detalhes das mortes dos guerrilheiros. Em sua casa, foram apreendidos
papéis, um computador e as armas.
O Ministério Público Federal
(MPF) vai submeter o computador a análise em busca de documentos que
possam estar digitalizados. Entre os papéis encontrados pelo MPF, estão
páginas de documentos antigos com o selo "confidencial". No entanto, a
instituição não confirmou se o material pode ajudar na localização dos
corpos dos guerrilheiros enterrados no Araguaia (TO).
A busca por
documentos é uma resposta a uma ação movida na 1 Vara Federal por 22
familiares de 25 vítimas da repressão à Guerrilha do Araguaia. Os
familiares querem saber o destino dado a esses guerrilheiros, localizar
os corpos e realizar seus funerais.
Curió foi o principal nome
dos militares na repressão à guerrilha movida pelo PCdoB e por
camponeses da região do Araguaia. O governo federal já fez buscas em
Tocantins, orientadas pelo Exército. Na região, impera a lei do
silêncio entre pessoas que viveram o período e o MPF no Pará registra
diversas denúncias de supostas ameaças de Curió para que as testemunhas
não apontem os locais ondem possam estar essas ossadas.
— Era o
que precisava ser feito desde a sentença da Justiça Federal, em 2007:
essa busca aos documentos. E espero que sejam feitas outras mais —
disse Crimeia de Almeida, da Comissão de Familiares de Mortos e
Desaparecidos Políticos.
Segundo Crimeia, a busca na casa de
Curió é resultado de uma ação movida por 22 familiares de 25
desaparecidos, entre eles o marido de Crimeia, André Grabois, um dos
líderes da guerrilha.
Curió: crueldade é com ele mesmo! |
Curió, que recentemente deu entrevista a uma emissora de TV onde disse não se arrepender de ter "defendido o país dos comunistas e que faria tudo de novo", é acusado de vários crimes. Um deles, contra uma jovem no Araguaia,quando a moça já estava presa, e ele chegou perto dela de arma em punho, e perguntou seu nome. "Gurrilheira não tem nome!", respondeu a jovem, ao que Curió sem dó nem piedade desferiu uma saraivada de balas a matando covardemente. Curió também matou o menor Laércio Xavier da Silva, de 16 anos, em Brasília, que segundo ele estava em seu quintal. Ele, como um dos maiores representantes da repressão militar vivo, sempre gostou de resolver suas questões na base da bala.
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