Um dos maiores, mais carismáticos e também polêmicos políticos brasileiros, Leonel Brizola, gostava de dizer que é importante que todo presidente da República ou governador tem que ter um vice de confiança, que trabalhe junto com o titular. Brizola, com suas palavras alertava que sempre existe briga, ciumeira entre o presidente e o vice, o governador e o vice e até entre o prefeito e o vice. Queria dizer mais ou menos que com o tempo o vice quer aparecer mais, demonstrando querer o cargo titular e aí a briga tem que acontecer.
Em 1983, ao assumir pela primeira vez o governo do Rio de Janeiro, Brizola teve como seu vice o professor e escritor Darcy Ribeiro, fundador e primeiro reitor da UNB, sem dúvidas uma das maiores cabeças deste País. Ribeiro, no dia da posse, foi nomeado por Brizola como Secretário de Educação. Na oportunidade, a Imprensa foi em cima do governador eleito Leonel Brizola e perguntou por que ele havia nomeado logo o vice Darcy Ribeiro como secretário de Educação, se ele não poderia ajudar mais ao lado dele. Sem pestanejar o Governador respondeu:
"O vice quando não tem o que fazer, quando não tem uma função, não trabalha, com certeza ele conspira. E eu quero o Darcy como meu vice, meu amigo e meu secretário de Educação".
Lula e Alencar: amizade em todas as horas |
A historinha é para mostrar que mesmo que não se vote em vice, ele, nos regimes democráticos, têm muita importância. E José de Alencar mostrou bem isso como vice de Luis Inácio Lula da Silva. Homem de posses mas muito simples, o mineiro José de Alencar foi duas vezes vice-presidente da República com Lula como Presidente. Tinham uma grande amizade, uma afinidade tipicamente mineira, embora Lula seja um pernambucano-paulista. A amizade, o respeito mútuo, o carinho de uma convivência fraternal fez com que os dois caminhassem juntos durante oito anos e Zé de Alencar, mesmo doente, ainda desse todo o apoio à eleição da sucessora de Lula, Dilma Rousseff.
Ao saber da morte do amigo, Lula ontem não resistiu e foi às lágrimas, dizendo, entre outras palavras, que conviver com José de Alencar foi uma honra. A presidenta Dilma também demonstrou o sofrimento de quem perde um grande amigo. A viagem e os importantes compromissos em Portugal foram postergados para que os dois voltassem de imediato para o Brasil, afim de participarem dos cortejos fúnebres do grande brasileiro que foi José de Alencar.
O empresário José de Alencar, embora tenha entrado na política já maduro, com mais de 60 anos, a partir da disputa e derrota para o governo de Minas Gerais, em 94 e depois com a eleição para o Senado, em 98, conseguiu grande destaque e enorme popularidade como político. Foi ético, companheiro, um grande homem, um importante brasileiro. E o mais belo em sua trajetória é que não foi um produto da mídia, um nome "fabricado" por ser ou não polêmico. Ele foi o que for por si só. Um gigante pela própria natureza!
Nenhum comentário:
Postar um comentário