Para mim foi um grande surpresa o presidente americano, Barack Obama, conhecer e gostar da obra literária de Paulo Coelho, do filme "Orfeu Negro" -concebido a partir da peça teatral-musical "Orfeu da Conceição", escrita por Vinícius de Moraes e dirigido por Marcel Camus- e ainda da obra musical de Jorge Benjor. As obras, todas concebidas por autores reconhecidos no Brasil e no exterior, apesar de diferentes campos da arte, retratam bem o Brasil e duas delas especialmente, mostram o Brasil do negro, do mulato, do favelado, do carnavalesco, enfim, o Brasil brasileiro. Tanto falando de nossos valores culturais, de nossas belezas, da histórica e bonita vida de lutas de nossa presidenta Dilma, acho que Obama conseguiu convencer a quem era importante para ele. Trocando em miúdos, foi positivo. Torço para não ter sido tudo demagogia, porque eles -os americanos- não sao muito de nos elogiar, não. Ao contrário, gostam é de discriminar. E sempre -sempre mesmo!- se dar bem.
Sobre Paulo Coelho, citado por Obama, escritor de talento mas que seguiu o caminho da auto-ajuda, o que se pode dizer é que é um grande ficcionista, reconhecido no mundo inteiro, onde se tornou best seller com vários de seus livros. Sua primeira grande obra (talvez a que Obama tenha lido e ficado empolgado", foi "O Alquimista", livro que juntamente com "Deus Negro", fez a cabeça de muitos jovens nas décadas de 70 e 80. Obama deve ter sido um deles. Coelho foi também, na juventude, compositor e parceiro maior de Raúl Seixas.
Sobre "Ofeu Negro", filme baseado na peça musical "Orfeu da Conceição", escrita em 1954, baseada na mitologia grega Orfeu e Eurídice, tenho que parabenizar o Presidente e sua mãe pelo bom gosto. A idéia princípio foi discutida nos bares da vida do Rio antigo, quando Vinicius, Tom Jobim e outros envolvidos no de trabalho não eram ainda grandes referências da Música Brasileira. O projeto musical concebido por Vinícius de Moraes envolveu muitos artistas de teatro e cantores, e além do texto, transportado para um cenário de época nos morros cariocas, trazia composições de Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá, um dos melhores violões que o Brasil já teve. A peça estreou em 1956 no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o mesmo local onde Obama, ontem, se rendeu ao talento e a democracia de nosso país.
Com o acordo fechado com o cineasta francês Marcel Camus, numa produção franco-ítalo-brasileira, a peça teve que mudar de nome para "Orfeu negro". No filme, nomes famosos como o fantástico cantor Agostinho dos Santos, que foi o intérprete da música principal "Manhã de Carnaval", de Tom e Vinicius. "Orfeu Negro" foi melhor filme estrangeiro de 1959, mas o prêmio não veio para o Brasil, já que a produção tiha três pátrias. Mas foi importante, por isso ganhou uma nova repaginação em 1999. Esse novo, talvez Obama não tenha visto, mas é também um bom filme.
Competência de Dilma impressionou Obama |
Sobre Jorge Benjor, conhecido por seus amigos desde a juventude como "Babulina", tem-se muito a dizer. Surgiu no iníco da década de 60, com a musica "Chove chuva", até hoje executada. Com uma batida de violão diferente, e um estilo vocal meio malandro, com pronúncias fechadas, colocando um jeito coloquial de cantar que deu um charme na voz, como por exemplo em vez de "você", pronunciava "voxê", Benjor deixou a princípio todos embasbacados com a excêntrica criatividade, já que o período era de Bossa Nova e do fraco iê,iê,iê. Alto, magro, canarvalesco, amante da Escola de Samba Salgueiro, Jorge Ben (era assim seu nome), mudou para Benjor por causa dessas invecionice numerológicas que muitos acreditam. "País Tropical", a música bastante conhecida e até recitada um pedaço por Obama foi inicialmente gravada por Wilson Simonal, na década de 70. Sua letra, tipo uma "aquarela do Brasil" mais moderna é uma brincadeira de Benjor enaltecndo o Brasil e suas coisas, embora o período fosse o de "chumbo". Faz parte de uma série de músicas apológicas e até ufanísticas que Benjor fez enaltecendo o Brasil, o Flamengo, o Salgueiro, São Jorge e até a "Pedra de esmeralda".
Para nós brasileiros é importante que nossa cultura, seja literária, cinematográfica, musical seja conhecida, difundida e valorizada no mundo inteiro. Gosto sempre de frisar que não me empolgo (porque não gosto mesmo) com os EUA. Mas achei interessante que o presidente americano tenha feito referência aos três grandes fatos marcantes em sua vida envolvendo o Brasil. Não sou também brasileiro muito ufanista, mas devo dizer que adoro meu País, como adoro meu Estado. O que o presidente americano falou no Municipal do Rio foi muito importante para nós. Pode até ter mentido, puxado nosso saco, mas que foi bom, isso foi. A Dilma também gostou muito.
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