Vinícius de Moraes completaria 100 anos no próximo sábado, dia 19. Carioca, poeta, compositor, cantor, violonista, dramaturgo e diplomata, o Poetinha, como era carinhosamente chamado pelos seus mais chegados, morreu com 67 anos muito bem vividos, com muitos amores e canções, com muito uísque e o melhor: muitos amigos.
Vinícius, na visão modesta deste escriba, era o mais importante compositor intelectual popular do Brasil. Não se importava em por ser diplomata cantar em barzinhos com os amigos. Não tinha essa de por ter nascido em família de classe média alta, de ter estudado nos melhores colégios do Rio de Janeiro, ter publicado seu primeiro livro de poemas aos 20 anos e ter chegado à diplomata, auto-considerar-se um poeta superior a Cartola, Heitor dos Prazeres, Zé da Zilda e outros. Vinícius era muito gente e, como ele mesmo se definia, "o branco mais preto do Brasil".
Como diplomata, serviu em alguns países, mas como sempre admirou uma boa companhia feminina, um bom uísque e principalmente música e poesia, era sempre cobrado por seus superiores, que exigiam do Poetinha postura de diplomata e um comportamento mais de acordo com o posto que exercia.
Na realidade, a vida da diplomacia só era boa para Vinícius pelas boas relações de amizade e pelo bom salário. Ele gostava mais da vida boêmia, dos bons papos, da boa discussão cultural, dos saraus com amigos poetas, compositores, cantores, artistas plásticos, enfim, intelectuais.
Começou a compor na década de 50, com o pessoal da Bossa Nova. Nessa época conheceu Tom Jobim e João Gilberto, parceiro e como ele, precursores do movimento. Mas ainda era diplomata, servindo em países sul-americanos.
Depois de muito resistir, Vinícius praticamente forçou sua saída do Itamaraty: foi obrigado a optar por uma aposentadoria compulsória. Recebeu a notícia da cassação no momento em que estava em Portugal, num show com artistas brasileiros, em 1968.
A partir daí passou a se dedicar quase que exclusivamente à música, fazendo shows com uma maior intensidade pelo Brasil e por outros países, como Argentina, Portugal, Itália, Áustria, etc.
Vinícius de Moraes e Toquinho, seu parceiro maior |
O Poetinha com Manuel Bandeira, Tom e Chico |
Vinícius, que começou a compor nos anos 50, teve canções suas gravadas pelos mais importantes cantores e intérpretes nacionais. Agostinho dos Santos, Elizeth Cardoso, Maria Betânia, Ângela Maria, Maria Creusa. Miúcha, Gal Costa, Elis Regina e muitas outras imortalizaram as canções de amor do Poetinha, sempre com grandes parceiros, principalmente Tom Jobim, Baden Powell, Toquinho e Carlinhos Lira.
Em seu centenário, Vinícius ganhou Songbook, filme documentário, gravações de canções por novas cantoras, especiais de televisão, livros, enfim,. muitas homenagens.
O poeta carioca merece. É reconhecidamente um grande poeta, um fantástico compositor, foi um excelente amigo e um grande marido e ex-marido, como confessam suas ex mulheres.Foi também um grande e paciente pai, de muitos filhos, que hoje respeitam-se e valorizam a obra e a genialidade do poeta, diplomata e branco mais preto do Brasil: Marcos Vinícius de Mello Moraes.
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