quinta-feira, 5 de maio de 2016

João Rito: um homem e seu legado

O GB João Rito com este escriba e os amigos Ismar e Francisco (Ferrete)
A Tuna perdeu na noite de segunda feira, um de seus baluartes. João Ribeiro Rito Nunes, Grande Benemérito,  é o terceiro grande cruzmaltino que desaparece no pequeno espaço de seis meses. Em outubro, faleceu nosso grande amigo (e muito ligado ao Seu Rito), Carlos Pampôlha, o Carlito; e em Fevereiro se foi o .
companheiro Orlando Bordallo.
Nossa já quase minúscula galeria de torcedores cruzmaltinos assim vai se esvaindo, a maioria deles hoje entre os 40 e os 80 anos, e já há quase 30 sem ver a nossa Águia Guerreira ganhar um título.
João Rito era um tunante diferenciado. Apaixonado pelo Clube, onde serviu e participou por décadas como Diretor Administrativo, Vice Presidente, em algumas ocasiões como Presidente, mas principalmente como torcedor, comprometido com os esportes, o social,  com a administração e até com o futuro do Clube.

Convivi com João Rito por muitos anos, mas durante dois anos seguidos passamos o dia juntos, como dirigentes da Tuna Luso Brasileira. Foi um período onde aprendemos a conhecer melhor um ao outro: de um lado, um senhor experiente, dedicado, competente, conhecedor de todos os meandros de uma gestão, além de apaixonado ao ponto de dedicar de quatro a seis horas diárias de seu tempo ao Clube. Almoçávamos na Tuna, conversávamos sobre os esportes, o passado, traçávamos nossos planos,  enfim, foi uma convivência que surtiu efeitos e resultados em todos os setores da Tuna, pois Seu Rito além de Vice, era também Diretor Administrativo, e juntos comandávamos ações de todos os setores da nossa Tuna.
Sempre digo que a Tuna só vai andar quando pessoas que estiverem à frente de sua gestão tiverem comprometimento, torcerem pelo Clube, não sejam apenas simpatizantes, tipo "i love Tuna" ou "eu gosto da Tuna". Tem que ser torcedor, apaixonado, comprometido até a medula, arranjar tempo e desenvolver ações com toda a diretoria de mangas arregaçada, em qualquer situação, tem que haver apoio e participação de todos os diretores. Seu Rito era assim, um cruzmaltino autêntico, um companheiro leal,  pronto para apoiar e ajudar em qualquer situação, desde que para o bem do Clube.
Ultimamente, Seu Rito andava meio triste com a Tuna. Nas nossas últimas conversas prometeu que nunca mais iria participar de organização de Estatuto, pois ano passado, juntamente com Salatiel Campos, ele e eu participamos trabalhando várias noites das mudanças e adequações do novo estatuto do Clube e ao final,  o presidente do Conselho engavetou a proposta. Rito não gostou, como também não gostava de algumas alterações que a diretoria fazia sem consultar ninguém na sede do Clube e não entendia, ao ponto de se irritar, a ausência da Tuna nos esportes onde ela sempre se destacou como Futebol profissional,  Regatas, Futebol feminino, etc. Reclamava e dizia que a Tuna sem esportes não era a mesma.
Nos dois últimos anos, quando estive à frente da garagem Náutica, Seu Rito não perdia uma regata. Colaborava com uma quantia mensalmente com nossa gestão, ao ponto de eu me envergonhar quando ele me ligava e pedia para passar na portaria de seu prédio para pegar a colaboração, "mas não esqueça dos recibos", dizia sempre.  Era super organizado.
Seu Rito se foi. A meu ver,  o maior conhecedor do Estatuto da Tuna partiu. Fica para nó - que aprendemos muito com ele, na convivência, no cruzmaltinismo, nas alegrias, nas dores das derrotas, nos nossos erros, nos nossos acertos e, principalmente nas nossas paixões-, a certeza de que aquele a quem sempre recorríamos  cientes de que faríamos as coisas certas, foi um exemplo de cidadão, de probidade, capaz de perdoar até possíveis desafetos, sempre em prol da Tuna, ficará eternamente na história da Tuna Luso Brasileira, como um grande gestor e um cruzmaltino comprometido com o passado e com o futuro de nosso Clube. Meus sinceros sentimento à Dona Marlene e seus filhos e parentes. A Nação Cruzmaltina, com certeza, está de luto. Siga em paz, Seu João Rito!

Um comentário:

  1. Esta morte do "Seu" Rito me surpreendeu. Ele estava doente ou foi algo repentino?
    Acho que foi uma perda inclusive para um futura gestão da Tuna, pois nele podíamos confiar para agir com responsabilidade e amor ao clube. Poderia ser de novo da diretoria, contribuindo com sua experiência para levantar nosso combalido clube. Mas enfim, vida continua e que ele fique na lembrança de todos os que amam a Tuna como alguém que realmente se empenhou de coração para nosso clube se desenvolvesse. Márcio

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