quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

21 anos sem o deputado João Batista

João Carlos Batista foi daqueles políticos que podemos dizer, de uma linhagem em extinção. Paulista de nascimento mas paraense por adoção, Batista, como era conhecido, fincou residência com sua família em Paragominas, onde iniciou seu trabalho político com camponeses.
Sempre preocupado com a situação dos trabalhadores rurais, Batista, de família humilde, veio para Belém estudar, onde militou no movimento estudantil, emprendendo batalhas inesquecíveis pela meia passagem.
Era o início da década de 80 e João Batista, vendo a situação do trabalhador rural cada vez mais crucial, ao formar-se em direito, resolveu seguir o mesmo caminho de outro grande militante de esquerda, Paulo Fontelles. Como advogado de sindicatos rurais, Batista construiu uma base política sólida, em municípios como Dom Elizeu, São Domingos do Capim, Garrafão do Norte, Tomé-Açu e, principalmente, Paragominas, onde era querido pelos trabalhadores rurais e respeitado e temido pelos latifundiários.
Eleito deputado estadual em 1986, João Batista se notabilizou como um político diferenciado dos demais. Seu gabinete parecia mais um acampamento de trabalhadores rurais, pois todos os dias, a toda hora tinha gente para falar com ele. E Batista recebia a todos sem distinção.De repente, na AL, aconteceu um corre e corre, com os deputados querendo se esconder. Era uma delegação de índios que desejava ser recebida por qualquer deputado. Como a maioria temeu o grupo, o deputado Batista os recebeu tranquilo, passando horas conversando com os idígenas marcando audiências com autoridades, enfim, resolvendo os problemas dos índios Tembés, que viram no jovem deputado uma referência para resolver os problemas que viviam.
Mesmo correndo risco de vida, inclusive com seu pai sendo baleado por pistoleiros, Batista não se intimidava. No mês de novembro de 88, subiu ao plenário da Assembleia Legislativa várias vezes para denunciar as ameaças de morte que vinha sofrendo. Alguns parlamentares, achando que o deputado exagerava, chegaram a sorrir. Mas João Batista tinha razão. Ele sabia do perigo que corria, pois todos os finais de semana visitava comunidades rurais e vivenciava o clima de intranquilidade que reinava no interior.
No dia 6 de dezembro, no início da noite, o deputado João Carlos Batista chegava em sua residência com a companheira Sandra e a filha Dina. O cruel assassino, de tocaia, acertou o deputado que tombou fatalmente. Sua filha ainda foi baleada, mas felizmente, nada sério.
Hoje, quando são completados 21 anos do frio assassinato, João Batista ainda sobrevive na mente de trabalhadores rurais, políticos e daqueles que acompanharam sua valente trajetória de lutas.
Seu irmão Pedro Batista, já lançou dois livros sobre a vida do Deputado que se tornou um mártir pela reforma agrária.
No ensejo das comemorações do aniversário de morte do deputado Batista, a viúva Sandra Batista, hoje vice-prefeita de Ananindeua, coordena debate hoje no Auditório da SEFA às 18:30h, tendo como palestrante o Chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Cláudio Puty e com a participação de várias lideranças políticas como o presidente do PT Estadual, João Batista; vereador Ademir Andrade; presidente do PC do B, Neuton Miranda; secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Fábio Figueiras, além de dirigentes do MST, Fetagri e Fetaf. Apesar de 21 anos de seu assassinato, João Batista vive!

3 comentários:

  1. É isso ai, meu irmão.
    A luta e o exemplo de Batista anima ainda a luta. Ocorreram duas manifestações em Ipixuna do Pará, uma no sábado e outra no domingo, para marcar o 21 ano do assassinato de João Batista.
    abraços,

    ResponderExcluir
  2. Marcos,

    Muito obrigado pela homenagem! O senhor sempre amigo do meu pai e hj de toda a minha familia!
    Abrçs.
    Dina Batista

    ResponderExcluir
  3. O Deputado era meu vizinho. Ainda me lembro desse crime, estava em casa e quando ouvi os tiros corri pra janela e pude ver o deputado e sua filha baleados. Nesse dia, era reunião do condomínio do prédio. Lembro da sua filha ainda pequena brincando no prédio onde moravamos (conjunto Urca)

    LUIZ PAULO PINA

    ResponderExcluir