quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sem frescura com Pereio e Martinez

José Celso com Pereio. Sem frescura, um grande papo sobre teatro
Com tantas tolices que se ler diariamente nos jornais e no Faceboock; se ver nos fraquíssimos programas de televisão,de repente amanhecer o dia vendo  um papo inteligente e saudável entre o fantástico diretor teatral José Celso Martinez e o dublê de ator e apresentador Paulo César Pereio  obre teatro, cinema,  política, literatura e artes em geral é algo que faz nossa alma sorrir.
Hoje amanheci assim. Depois da caminhada ligo a TV no Canal Brasil e vejo, talvez em repetição, o "Sem Frescura", onde Pereio dá um show de conhecimento -agora com a voz bem melhor e mais audível- sobre Teatro, principalmente, política, censura e outros papos com José Celso.
Escandalosos, livre, leves e soltos, Pereio e Martinez falam da perseguição que sofreram da ditadura, De peças importantes que marcaram o teatro brasileiro como "O Rei da vela" e "Roda Viva", talvez as mais perseguidas e "tesouradas" pelos inimigos das artes; sobre os muitos incidentes que marcaram o período, atentados ao TBC, com os militares praticamente fechando os teatros, numa implacável perseguição por parte da censura, inclusive nos ensaios. Artistas vivendo escondidos, e quando eram liberadas as apresentações, os militares se travestiam de assistentes. As fugas de atores perseguidos para outros estados, história dos que conseguiam dar alguns dribles na censura, enfim, uma conversa coloquial entre os dois verdadeiros monstros sagrados de nossa cultura teatral.
José Celso, talvez o diretor de teatro no Brasil mais antigo em ação, além de, a meu ver, o mais preparado para realizar peças clássicas, continua emotivo, desenvolto e tratando a arte de representar como se fosse sua própria vida. 
A conversa entre José Celso e Paulo César Pereio chega a ser deslumbrante, principalmente pelo ponto de vista de que ambos foram protagonistas de grandes e importantes espetáculos no final dos anos 60 e 70, por isso detentores de um profundo conhecimento das dificuldades impostas pelas perseguições, transformadas em lutas e desafios não só deles, mas de todos aqueles que em turbulento período se dedicaam à ribalta. 
O programa é de mais ou menos uma hora, tempo suficiente para o telespectador  voltar no tempo em que se fazia arte musical e teatral, principalmente, com garra, dedicação e muito talento.
Parabéns ao Canal Brasil por apresentar programas com tanta qualidade. 
E o apresentador, Paulo César Pereio, continua escrachadamente muito bom. E o melhor:  Sem frescura!

Nenhum comentário:

Postar um comentário