segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Filme sobre o "Sindico" Tim Maia surpreendeu

Uma das facetas que mais marcaram a carreira do cantor e compositor Tim Maia (Sebastião Rodrigues Maia) foi sua eterna briga com a Rede Globo. A Vênus tinha a mesma encrenca com Chico Buarque, mas acabou quando o autor de A Banda passou a apresentar o programa "Chico e Caetano".
Com Tim a coisa nunca chegou a um desfecho favorável ao artista, ficando o Síndico se lamentando até morrer, em 1998, após passar mal em um show.
No filme "Tim Maia", de Mauro Lima, baseado no livro biográfico de Nelson Motta, Tim Maia é retratado mais ou menos como foi na vida real. Pelo menos é isso que imaginam os que acompanharam a vida do fantástico cantor, compositor, músico, maestro sem batuta, irônico, debochado, criador de casos e até machista, mas também carinhoso, bom amigo, bom filho e eterno boêmio Tim Maia.
Menino pobre da Tijuca, Tim foi entregador de marmitas até a adolescência, trabalho que fazia para a ajudar a mãe. Se interessou por música como todo jovem de sua época, meado dos anos 50, conseguindo um violão e aprendendo a tocar praticamente só. Formou uma banda, "The Sputniks", onde tocava e cantava com amigos, dentre os quais o capixaba Roberto Carlos, que tinha vindo do Espirito Santo para morar com uma tia no Rio para vencer como cantor.
Mulato, pobre, gordo e sempre mal vestido, foi gozado pelo na época apresentador Carlos Imperial, sem dúvida o precursor do rock no Brasil, e responsável pelo lançamento de Tim Maia e do próprio Roberto Carlos na TV
Desgostoso com o sucesso demorado Tim foi, na marra, para os Estados Unidos, onde literalmente comeu o pão que diabo amassou. Se envolveu com gangues de rua, drogas e pequenos delitos, terminando por ser preso numa cidade dos EUA.
O filme mostra a volta de Tim ao Brasil já conhecendo o ritmo negro que aflorava com grandes nomes americanos como James Brown, o rei da Soul music. Com sua voz poderosa, arranhando já um inglês que aprendeu nas ruas, Tim procurou o "amigo" Roberto Carlos, no final dos anos 60, e foi praticamente humilhado pelo "rei", que o esnobou, inclusive chamando-o de Tião Marmita.
Babu e Robson mandaram bem como Tim Maia
O lado nada humano e até de caráter duvidoso de Roberto foi bem explorado pelo diretor Mauro Lima, embora quando o filme foi apresentado pela Globo, no início deste ano, a Vênus fez uma edição, caparam cenas, botando um Roberto presencial como bonzinho, para limpar a barra do "rei" perante os fãs. Ridículo o que a Globo fez, mais pior foi o papel a que se sujeitou Nelson Motta, autor do livro sobre Tim Maia, que  foi obrigado a"desdizer" o que apresentou na sua obra.
Mas Tim, embora tenha morrido com uma certa mágoa de Roberto,  teve, depois uma reaproximação com ele e Erasmo, fazendo inclusive canções de sucesso para o na época cantor de iê-iê-iê, ritmo dos mais pobres já surgidos no Brasil.
O filme é bom, comparado com as bobagens que fizeram sobre Cazuza e Renato Russo. A meu ver exploraram demais o lado negativo do artista, praticamente devassando o que muitos fãs não sabiam. Mas o fato é que Tim era mesmo um gênio indomável, chegando à irresponsabilidade de faltar shows, brigar com empresários, com colegas músicos, gerando prejuízos para os promotores e até para si próprio.
Gostei da atuação de Robson Nunes e Babu Santos, que fizeram Tim jovem e adulto. A fotografia também é boa, com cenas noturnas interessantes.
No geral, confesso que gostei do filme, embora a meu ver teve pequenos senões. Por exemplo: foram poucas as canções de Tim Maia.  Ele tem um rico repertório com muitas preciosidades. Chegou a gravar um disco só com Bossa Nova. Penso também que o diretor Mauro Lima poderia ter feito um final menos dramático, com uma pré-finalização antes da morte do artista carioca, mostrando que Tim Maia tentava voltar mais uma vez, estava com uma boa agenda de shows, portanto não numa situação de quase miséria como o filme mostra.

3 comentários:

  1. Para quem se entitula um grande cruzmaltino e não escrever uma linha sobre o aniversário da Tuna Luso Brasileira....... vai entender

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    1. Não me "entitulo" nem me intitulo de nada. Sou cruzmaltino e quem quiser ter inveja do meu cruzmaltinismo que tenha. Tô nem aí!. E para que você não fique com fofoquinhas, o aniversário será comemorado dia 30. E, modéstia á parte, sou um dos poucos que comemorou e colocou o aniversário no face, pois estava de férias fora de Belém. Passe bem.

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  2. O aniversário foi dia 1... comemoração e dia de aniversário são coisas completamente diferentes. Inveja de você? hahaha começou bem esse bloguinho com as piadas de 2015. Passe melhor ainda.

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