quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Eu, hein. Nem pensar!

A situação do Grêmio, que foi punido com a exclusão da Copa do Brasil pela Comissão Disciplinar do STJD, depois que um grupo de torcedores, na partida com o Santos, em coro, chamaram o goleiro Aranha de macaco, lembra a do Paysandu, que teve que jogar uma série de partidas fora de casa, punido que foi pela imprudência de torcedores que jogaram garrafas e outras quinquilharias dentro do campo.
Para o presidente tricolor, Fábio Koff: "o Grêmio na verdade não tem culpa. Mas aceito a pena. Só que ela não pode passar do limite do razoável".
Mas o que é o "limite do razoável" para Fábio Koff?  Um pedido de desculpas;  uma multa que não vai atingir muito os cofres da equipe?
Na realidade, a punição com a exclusão da Copa do Brasil, um campeonato que o Grêmio certamente era um dos que tinha chance de chegar à final e até vencer, atingiu não somente os cofres da equipe -além da exclusão, o pagamento de 54 mil reais de multa. Atingiu, principalmente, a instituição Grêmio, a história de uma equipe centenário do futebol brasileiro, campeã do mundo e com atletas no passado e no presente negros, como o tricampeão mundial Everaldo, lateral esquerdo da Seleção de 70.
Assim, a meu ver, a diretoria, Conselheiros, Beneméritos e torcedores da equipe gaúcha, como de todas as equipes do Brasil, devem parar e refletir sobre o caos que poderia acontecer se não houvesse uma punição séria sobre os irresponsáveis e discriminatórios atos de racismo, mais comuns em países europeus, mas não muito em moda no Brasil, um país ricamente miscigenado (vide "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre).
O comparativo do caso do Paysandu com o do Grêmio é porque mesmo que os prejuízos das punições só atinjam aos clubes, que é uma maneira que o STJD encontrou de fazer com que o torcedor idiota, racista, fascista passe a raciocinar e evitar prejudicar sua equipe, tal qual aconteceu com os torcedores gremistas, que dois dias depois no mesmo estádio cantaram músicas que tinha a palavra "macaco", aqui em Belém, na inauguração do gramado do novo estádio da Curuzu, torcedor bicolor novamente jogou objeto dentro de campo.
Aí é de se perguntar: será que a partir de agora, com uma punição mais severa, que foi a exclusão de um campeonato e mais uma multa, a cabeça do torcedor vai mudar?  A desculpa de alguns gremistas que conversei é que quando dois dias depois racistas cantaram no mesmo estádio música com a palavra "macaco", eles não imaginavam que a punição ao Grêmio seria tão severa.
E os  torcedores de Paysandu -e também do Remo!- vão pensar duas vezes antes de fazer tolices?
Como diriam os cantores gaúchos Kleiton e Kledir: "Eu, hein. Nem pensar!

2 comentários:

  1. mais uma prova de que o futebol (zinho) do Brasil está de mal a pior. Punir o clube é um verdadeiro absurdo. Em qualquer outro lugar do planeta o torcedor é punido. E punido de verdade. Na América, um dono de clube de basquete foi excluído do esporte. Só aqui neste país de tupiniquins que Deus esqueceu ainda se usa essa mentalidade de punir o clube. Aí sim se diz: Eu, hein!

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  2. O torcedor que é sério, que é coerente, não faz uma tolice dessas. Tem que punir o clube e o torcedor. É preciso que ele saiba que sua idiotia prejudica o clube. Isso a meu ver. Mas sou de um "paísinho chamado Brasil", como o anônimo, que deve ser um lorde inglês, chamou.

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