quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

NAMORO (OU AMIZADE) EM COTIJUBA

O popopô deslizava sorrateiro pelas águas da Baía do Guajará com destino à Ilha de Cotijuba. A viagem, até que não foi demorada, mas para os que são temerosos de andar de barco, lancha ou até de navios, dá um friozinho na barriga, principalmente quando passa por galerias -e olhe que são muitas!-
fazendo com que os mais medrosos arregalem os olhos assustados e as crianças abram o berreiro. Tem marmanjão que ameça até pular do barco, preferindo se arriscara nadar do que morrer afogado num possível naufrágio. . Pense!
Na ilha de Cotijuba, onde outrora funcionou um presídio de onde surgiram várias histórias atribuídas a um governador militar, certamente algumas lendas, os passageiros do barco, muitos em sua primeira viagem à bonita região, se deslumbravam com a paisagem ainda bem natural e tentavam entender como viviam os nativos moradores do paraíso.
-Aqui a gente vive como Deus quer. Mas não falta muito pra gente ser feliz, não -garantiu Jonas, um morador que trabalha numa das charretes que leva os turistas e veranistas às praias.
-Mas que é bonito é -arrematou Alice, paraense de Bragança, que já conhecia Belém mas nunca havia ido na famosa ilha.
Cotijuba fica defronte à Icoaraci, funciona também como distrito dormitório, uma vez que parte da população trabalha em Belém. O nome, segundo a história, foi dado pelos índios Tupinambás, e significa "Trilha dourada".
Muitos seguiram para as praias em grupos, que eram formado por seis, cinco, quatro e até três pessoas. Poucos foram os casais que seguiram, principalmente para a praia mais famosa e também a mais distante, a "Vai-quem-quer". O nome, segundo os moradores de Cotijuba, foi dado devido mesmo a distância da praia, ainda bem natural, apesar de algumas pequenas pousadas e casas particulares, mas com uma estrutura suportável para o ambiente bucólico do lugar.
-Em Vai-quem-quer tem gente que pratica até nudismo, mano  -garantiu Jonas, que se preparava para levar um pequeno grupo em sua charrete para a bucólica praia.
Na chegada a Vai-quem-quer Ana, Paulo, Juca e Niceia, quatro amigos de Belém que já conheciam à praia, não ficaram em pousada. Preferiram alugar uma barraca grande e armaram mesmo bem perto da praia.
Na primeira noite em Vai quem-quer foi maravilhosa pra os quatro amigos. Ana e Paulo já eram formados em Fisioterapia, enquanto os outros dois amigos, Niceia e Juca, se preparavam para entrar no ensino superior.
-Um ambiente desses faz a gente pensar em tanta coisa, em tantas fantasias, em tantas bobagens -falou Paulo, olhando para Niceia, sob o olhar da amiga Ana.
-Olha -disse Ana-, por mim eu não tenho preconceito com nada, e pode ter certeza que eu hoje vou tomar todas, inclusive já peguei minha garrafa de vodca. Já tome duas doses pequenas, mas queria que alguém se habilitasse a fazer uma batida. tenho limão na bolsa -completou.
-É pra já -disse Niceia.
Paulo e Juca tomavam uma cerveja em lata que haviam levado.  Como era pouca, logo se acabou e eles emendaram na batida. Enquanto isso, as meninas já estavam com todo gás, de biquíni e prontas até para um delicioso banho noturno. 
Por volta de 23 horas a praia do Vai-quem-quer já estava povoada por pelo menos uma 15 pessoas. 
Casais passeavam juntos, amigas desfilavam de duas peças e até mesmo só com a parte de cima do biquíni, com muita tranquilidade, paz e despreocupação, pois ninguém estava ali pra vigiar ninguém.
Ana caminhou sozinha para a beira da praia. Já tinha bebido várias doses de batida de vodca com suco de maracujá e adoçante. Quando os três deram pela falta da amiga saíram em seu encalço, dois para um lado Niceia e Paulo- e Juca pelo outro. Encontraram a moça sentada sozinha na beira da praia, copo de batida vazio ao lado, pés descalços e bem à vontade sem a parte superior do biquini, ou seja fazendo, na calada da noite, um topless.
-Menina, estávamos te procurando -falou Niceia que, acompanhada de Paulo, foi logo sentando ao lado da amiga. Um forte abraço com direito a selinho marcou o reencontro dos amigos. Juca, só apareceu uma meia hora depois, certo de que os amigos já haviam se encontrado.
O banho de mar noturno foi providencial para eles que já estavam bebidos. Niceia, que havia bebido menos, ficou cuidando de todos para que não acontece nenhum acidente no banho.
Adormeceram na praia, dormiram abraçados, Juca com Ana e Paulo com Niceia. Não haviam combinado nada, apenas bebiam e conversavam, mas  quando o sono chegou houve um súbito aconchego parecendo bem natural, embora com os aparentes pares trocados, apesar de serem todos amigos e ninguém ter compromisso com ninguém.
No outro dia, saíram cedo logo ao raiar do sol, para a barraca. felizmente estava tudo tranquilo, não haviam mexido em nada. Pouco conversaram. Após trocarem de roupa, rumaram à procura de um bem café da manhã. 
Juca foi o primeiro a se manifestar: "Que que houve ontem, pessoal? Qual foi Paulo, por que você ficou agarrando a Niceia, seduzindo-a até que dormiram juntos"?
-Nada a ver. Nem me lembro. mas se rolou alguma coisa, podes crer que não houve intenção -respondeu Paulo. E continuou: "Aliás, não sabia se você era namorado dela ou coisa parecida".
-Não sou nada. Apenas pensei uma coisa na nossa vinda e aconteceu outra -respondeu Juca, sorrindo e quebrando o gelo.
-Pois eu não pensei nada e o que aconteceu foi ótimo, Juca, E você Niceia, gostou da noite? -indagou 
Ana sorrindo. -Gostei e quero repetir. E fica tranquilo, Juca. Pode ser  com você. Afinal somos todos amigos, aqui ninguém namora ninguém, é só amizade. Quanto mas colorida melhor -completou uma Niceia nem parecendo a moça calada, quase tímida que chegara à Cotijuba.
Os quatro saíram abraçados, foram a uma pequena birosca, compraram bebida e voltaram pra barraca onde conversaram até tarde, juntinhos, comemorando a bela amizade entre os quatro.

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