terça-feira, 22 de janeiro de 2019

UMA HISTÓRIA DE AMOR

-Onde estou? -Que lugar é esse? -Quem me trouxe aqui? -perguntava Joana assustada sem entender como foi parar naquele lugar, para ela estranho.
-Calma, calma. Está tudo bem, foi eu quem lhe trouxe. Sou o Fernando.
-Quem é você? Por que me trouxe pra cá? -Indagava Joana quase em lágrimas.
-Estávamos em um bar, eu em uma mesa e você estava em outra, sozinha. Já era bastante tarde, o bar estava fechando e você cochilou. Me preocupei e achei melhor trazer você pra minha casa -respondeu Fernando um pouco assustado com a reação da moça.
-Me leve embora, por favor -pediu Joana ao rapaz.
-Ok -respondeu Fernando -e continuou: -Você não quer tomar uma banho?
-Não, não -respondeu Joana apresada.
-Tenha calma. Já que você não quer, vou eu tomar um banho e depois vamos. Se quiser tomar um café, tem pronto. Pode pegar -ofereceu Fernando.
Joana estava abatida. De ressaca e com a cabeça zumbindo. Havia discutido com a mãe na noite anterior e resolveu sair para relaxar. Tomou várias doses de caipirinha, bebida destilada que não tinha costume de beber e não aguentou  Ficou só o bagaço. Embriagada foi ajudada pelo jovem Fernando, que a levou para sua casa.
A casa de Fernando era realmente humilde. Bem diferente da de Joana, um apartamento de três quartos que seu pai, separado de sua mãe já há alguns anos, havia comprado pra família.
-Vamos -chamou Fernando. -Onde você mora? -perguntou.
-No bairro do Marco, mas pode deixar que eu vou só -respondeu. -Queria saber se você usou preservativo comigo, pois não lhe conheço e de repente estou na sua casa, na sua cama...
-Pode ter certeza que não lhe toquei -respondeu Fernando, demonstrando sinceridade.
-Não acredito -respondeu Joana. -Os homens são todos canalhas -garantiu.
-Pois é, acho que eu escapei, pois não lhe toquei de forma alguma. Lhe levei para minha casa para não deixá-la à mercê de bandidos que andam pela noite e como você não estava bem seria alvo fácil. Seu celular está ai e se você tiver dinheiro na bolsa, pode pegar, porque eu nem abri -garantiu o jovem, enquanto saíam do pequeno quarto onde ele residia nos fundos de uma residência na Cremação.
-Te agradeço. É porque sou muito desconfiada, cismada com os homens. Tenho 21 anos e só tenho levado cacetada de pilantras. Pior que briguei com minha mãe,  mas ela está coberta de razão, pois me envolvi mais uma vez com uma pessoa errada -confessou Joana, mais calma.
Os dois caminharam para uma parada de ônibus onde Fernando rumaria para o comércio, onde iria ver umas coisas.
-Vou para minha casa. Mais uma vez te agradeço e queria, se você puder me dar, o seu numero -pediu Joana.
-Olha, tranquilo. Você dá um toque pra eu pegar o seu, ok? -sugeriu o jovem.
Joana foi pra sua casa de cabeça fria, pois tinha certeza que Fernando tinha sido um anjo em sua vida. Imaginou se o rapaz não a tivesse levado pra sua casa teria sido alvo fácil para os bandidos.
-Sim, dona Joana onde a senhora passou a noite? -perguntou sua mãe, dona Ester.  -Mais uma vez
na farra? -completou quase agressivamente a ainda jovem senhora mãe de Fernanda.
Mamãe, deixe eu descansar um pouco. Depois conversaremos -pediu a jovem já um pouco recuperada da noite anterior.
Tinha ido dormir tipo 2 horas da manhã. Dormira bem, mas a ressaca de caipirinha mexeu com sua cabeça que estava pra explodir.
Já era perto das 11 da manhã, ensolarada e bonita de sábado. Joana estava deitada mas dormiu muito pouco. passou a maior parte do tempo acordada, pensativa na discussão que tivera com a mãe e com o porre que tomara. Imaginava que cara bacana tinha sido o Fernando. Por que ele não se aproximara dela, não abusara dela? Será que ainda existem homens assim? -pensava sem parar com seus botoes.
Estava desnorteada. Não sabia bem o que fazer. Tinha brigado com o ultimo ficante, pois o cara não a levava ela a sério e tinha inclusive dado em cima de uma de suas amigas.
Parara de estudar. Tinha trancado a faculdade faltando apenas três semestres para concluir. Já estava parada de estudos há quase um ano. Queria continuar, mas não sabia se era bem isso que queria.
Resolve ligar para sua melhor amiga. -Renata? tudo bem mana?
-Oi Jô. Que houve, com você mana? -perguntou. -Sua mãe me ligou duas vezes, até meia noite de ontem. Onde você se meteu? -insistia Renata
-Tomei um porre, queria ficar só. Fui arar na casa de um carinha aí -respondeu Joana.
-Cruzes! -admirou-se Renata. -E como foi isso? -indagou.
-Nem eu sei. Só sei que o cara me tratou muito bem, não mexeu comigo, me deixou hoje cedo na parada de ônibus e estou intacta, com celular e tudo mais -contou Joana à amiga, que também sorria admirada.
-Vamos sair hoje? -convidou Renata -Queria saber toda a história.
-Não mana. Hoje não -respondeu Joana. -Tenho que ter uma conversa com a mamãe hoje e vou definir minha vida -respondeu a amiga, desconversando.
-Sim Joana, o que foi que houve que você passou a noite fora, não me atendeu no celular... Fiquei como louca, estava dando um tempo pra ir na polícia -perguntou dona Ester, sua mãe.
-Mamãe a sra. não me entende. Estou no maior sufoco e a sra. só cobra de mim -desabafou Joana.
-Eu não lhe entendo, né? Está no sufoco. Engraçado que eu recebo uma pequena ajuda de seu pai e tenho que trabalhar, pagava parte de sua faculdade, você trancou e eu que não lhe entendo! -reclamou dona Ester.
E continuou no sermão: -Que que você quer? Ficar com esses oportunistas que ficam com você lhe usando e abusando e não pensam em nada? -jogou na cara sua mãe. -É isso? -perguntou.
-Mamãe não vamos discutir mais. Vou dar um jeito na minha vida. Já decidi que vou de qualquer maneira arranjar um trabalho, dispensar sua mesada. Quero, se for o caso, arranjar um outro lugar pra ficar -disse Joana decidida.
-Minha filha não é assim -falou mudando o tom dona Ester. O que quero na verdade é que você crie juízo, fique bem, veja com quem se mete e volte a estudar. Acho que já está bom de farra, brincadeira -arrematou dona Ester.
Joana calou-se,  foi para a sala ver TV e pensar no que realmente queria e iria fazer.
Pegu o telefone e ligou para Fernando.
-Oi, quem é? -perguntou Fernando.
-Oi, é Joana. Queria lhe agradecer e dizer que você foi uma pessoa muito legal me levando pra sua casa e me salvando de ser alvo de bandidos. Muito legal mesmo! -agradeceu Joana mais tranquila e com a cabeça menos doida da ressaca matinal.
-Que é isso. jamais poderia deixar você num local daqueles sozinha. Já era mais de uma da manhã e tranquilamente o perigo estava à nossa espreita -garantiu Fernando.
Você mora só? -perguntou Joana -Sim, meus pais são do interior. Trabalho e estudo aqui, por isso moro naquele cafofo que com certeza você não gostou. Só uso mais pra dormir mesmo -respondeu justificando Fernando.
-Vou gravar seu número aqui. Podemos marcar pra nos encontrarmos e batermos um papo.? Até tomar umas, contanto que não sejam tantas como ontem -convidou o rapaz.
-Ok. legal. Não te preocupa que o que aconteceu não vai se repetir. Ontem foi um caso especial. Não costumo beber caipirinha. Gosto mesmo é de uma cerveja  -respondeu Joana aceitando o convite.
Marcaram para o outro dia, à tarde, num bar perto da Doca.
O domingo estava ensolarado, parecendo o dia anterior. A promessa era de um dia bom, dava praia, piscina e passeio ao ar livre. Embora o mês fosse dezembro, não havia sinais de que a chuva aparecesse para atrapalhar qualquer encontro, mesmo que fosse ao ar livre. Fernando na verdade não gostava muito da Doca. Preferia um bar mais periférico, onde pudesse conversar sentindo a brisa do tempo paraense, onde aquele calor dá sempre vontade de beber mais uma gelada. Mas como como a proposta do local foi de Joana e era o primeiro encontro, foi.
-Sinceramente como quando acordei ontem fiquei com medo. Pensei que tinha sido estuprada, abusada, roubada e tudo mais. Jamais imaginei que você não teria feito algo comigo -confessou Joana, agradecida pelo bom comportamento de Fernando.
-Imagina. Sou de uma origem humilde, não tenho maldade -disse Fernando.  -Eu também sou -quase interrompeu Joana.
Os dois conversaram sobre tudo. Casa, família, estudos, amor. Joana contou que trancara a faculdade de Bioquimica que fazia, e estava prestes a terminar. -Estou até pensando em voltar a estudar - falou. Lembrou dos atritos com a mãe e do desejo de trabalhar e morar só.
-Olha Fernando -disse Joana já meio íntima -acho que tenho que dar um jeito na minha vida. Já tenho 21 anos, nunca trabalhei, vivi sempre ás custas de minha mãe, e pior que reclamo muito. Tenho que rever muitas coisas -disse baixando a cabeça Joana.
-Joana eu trabalho desde cedo. Vim pra Belém pra continuar meus estudos. Sou de Tomé-Açu, onde meus pais são pequenos agricultores, me mandam um pouco de dinheiro, mas preciso trabalhar, porque você sabe, a gente bebe um pouco, tem um cinema, e isso eles não podem bancar. mMas estou bem -garantiu o rapaz.
Trocaram alguns carinhos mas em forma de olhares e nas mãos;  nada de beijos e marcaram outro dia.
Na semana seguinte os telefonemas foram muitos. Fernando demonstrava muito interesse por Joana. A moça retribuía, ligando duas ou três vezes ao dia.
-Acho que estou gostando do Fernando, Renata. O cara é uma figura diferente, bom caráter -dizia empolgada Joana à amiga.
-Vai fundo mana. Se o cara é legal e tu se sente bem, vai firme -aconselhava Renata.
A conversa entre Fernando e Joana evoluía e dava um certo ar de avanço entre os dois. Joana já havia até desistido de sair de casa, por ora. Também havia já conversado com a mãe que iria procurar emprego e retornar à faculdade de Bioquímica.
-Minha filha, você tem todo meu apoio. Só não entendo porque você não trás esse rapaz aqui, o Fernando, Queria conhecê-lo. Afinal, você é minha única filha e preciso saber com quem você anda -apoiava e ao mesmo tempo reclamava dona Ester.
-Mamãe vou trazer o Fernando aqui. Mas não pense que ele é rico. É uma pessoa simples, não tem carro como alguns de meus amigos, está estudando, se forma daqui há um ano em Odontologia. Mas é um cara que eu parei nele. Gente do bem -garantia empolgada Joana, sob o olhar incrédulo da mãe.
Joana e Fernando continuaram se encontrando, agora com mais assiduidade. Quase todos os dias o casal estava junto. Fernando aguardava o convite da namorada para ir em sua casa, conhecer dona Ester.
-Será que sua mãe vai gostar de mim, Joana? -questionava Fernando. -Sou um cara simples, do interior, minha família já te falei, é do meio rural, mas são gente de bem -garantia o rapaz.
Foi num sábado, pela manhã, depois dos dois se encontrarem, que Joana convidou Fernando para ir em sua casa. O rapaz estava na maior expectativa, não sabia como começar a falar com a mãe de sua amada.
-Espero não ficar nervoso perante sua mãe. Você diz que ela é rígida -explicava temeroso Fernando para Joana.
-Olha, é mas não é. Uma pessoa que hoje eu vejo como justa, que só quer o meu bem. E você pode ter certeza, é o meu amor  -se declarava romanticamente Joana.
Ao chegarem no apartamento de dona Ester, bem aconchegante, Fernando foi muito bem recebido pela mãe de Joana.
-Olá, Fernando. Muito prazer -cumprimentou dona Ester.
-O prazer é meu, dona Ester, Já a conhecia de nome e de fama. Joana fala muito bem da senhora -respondeu Fernando um pouco nervoso, mas feliz por conhecer a sogra.
Os três sentaram, logo depois almoçaram e depois a conversa continuou. Dona Ester quis saber a cidade natal de Fernando.
-Joana falou que você é de Igarapé-Açu, né? -perguntou dona Ester.
-Não. Sou de Tomé-Açu -corrigiu Fernando.
-Tomé-Açu? mas eu também sou de lá, de Quatro Bocas! -admirou-se dona Ester.
-Minha família mora entre Quatro Bocas e Tomé-Açu, que é a sede -disse admirado Fernando.
Dona Ester ficou paralisada por alguns segundos. Não estava entendendo tanta coincidência. Aquele rapaz parecia ter  alguma coisa de familiar para ela. Pegou um copo de água pra si e ofereceu também para Fernando e para a filha. Enquanto bebia a água, quis saber da família de Fernando.
-Meu pai é um modesto agricultor, planta pimenta do reino e outros culturas em Tomé-Açu e minha mãe do lar -respondeu Fernando, falando também o nome e sobrenome de seu pais.
Dona Ester mudou de cor. Pediu licença e saiu para seu quarto, alegando sentir-se um pouco mal.
O casal ficou sem entender muito o rápido mal estar de dona Ester. Fernando ficou calado. Joana sorriu com o canto da boca, mas resolveu ficar na sala conversando outro assunto com o namorado.
Dona Ester permaneceu em seu quarto pelo restante do dia. A filha saiu com o namorado para um passeio. Preferiram não falar sobre dona Ester, sua surpresa. Mas na verdade, ambos ficaram encucados com a reação da mulher quando ouviu os nomes e sobrenomes dos pais de Fernando.
De volta pra casa, já à noite, Joana se reolheu para seu quarto.
-Mamãe o que houve? por que a sra reagiu daquela maneira quando o Fernando falou o nome da família dele? -indagou meia perplexa Joana no outro dia cedo, quando acordou e sua mãe já estava na mesa à sua espera para o café da manhã.
-Minha filha é uma longa história que eu nem sei se devo contar. Mas sinto que tenho o dever de lhe falar -disse dona Ester.
-Por favor, mamãe. Estou sem entender nada -insistiu Joana.
-Minha filha, a mãe de Fernando, Lia, foi minha colega de infância. E namorou com seu pai antes de nos casarmos. Ela foi inclusive a primeira namorada do Lucas, seu pai, quando ambos tinham mais ou menos 15 anos. Lucas namorou com  a Lia durante uns quatro anos, até que brigaram, acabaram  e poucos meses depois começamos a namorar e com um ano depois nos casamos -contou dona Ester.
-Sim, mas onde é que o Fernando e eu entramos nessa história? isso é passado, é coisa de vocês! -arrematou um pouco irritada Joana.
-Saí de Tomé-Açu para estudar, o Lucas só veio depois de mim. E os comentários da época diziam que Lia ficou grávida e o pai da criança era o Lucas. Se for verdade, o Fernando tem muita chance de ser seu irmão. É uma coincidência novelesca, mas o fato tem que ser apurado, pois a Lia, na verdade teve três filhos. Um deles pode ser seu irmão -enfatizou dona Ester.
-Sim, mas não se sabe a verdade, se a primeira gravidez de dona Lia foi o Fernando e se realmente era filho do papai -argumentou Joana, apesar de demonstrar um pouco de preocupação.
-Não tenho como descobrir. Seu pai não está mais conosco e eu nem sei onde ele mora. Só quem pode falar o que realmente houve e quem é o pai de Fernando ou de um dos outros filhos de Lia é a própria Lia ou seu pai, Lucas, se conseguirmos localizá-lo. Pra mim ele sempre negou -garantiu dona Ester.
Joana saiu de casa encucada com a parafernália que foi a história de sua mãe e seu pai na juventude. Não sabia como conversar com Fernando. Nesse dia rodou pelo comércio e no final da tarde resolveu voltar pra casa. Fernando havia ligado duas vezes, mas ela não atendera. À noite, atendeu à ligação do namorado.
-Oi amor.  Desculpa não ter te atendido. Estava meio grilada e resolvi dar um balão pelo comércio. Mas está tudo legal agora -explicou Joana ao namorado.
-Mas o que houve? Não dá pra conversar agora? -insistiu Fernando.
-Não, amor. Melhor amanhã. Vamos ter mais tempo.
Marcaram para almoçar no dia seguinte. Foram a um pequeno restaurante perto da casa de Fernando.
Joana contou toda a história que a mãe lhe repassara para o namorado, que ouviu atônito. -Mas como pode isso? -indagou Fernando sem entender nada.
-Quer dizer que seu pai namorou com a minha mãe na juventude? mesmo? É isso? Sua mãe tem certeza do que falou? -indagava insistentemente Fernando.
-Olha, ela só não tem certeza se você é filho do meu pai. Isso só quem pode falar é sua mãe -garantiu Joana.
Fernando achou melhor não ligar para sua família. Marcou para irem, os dois, à Tomé-Açu onde conversariam com sua mãe. Mas depois imaginou que o assunto era meio complicado para conversar lá com seu pai presente. Não sabia qual seria a reação dele. Resolveu que chamaria sua mãe, Lia, para vir a Belém. Para isso inventaria alguma coisa, para não adiantar nada sobre o assunto.
E foi o que fez. À noite, de sua casa, ligou para a mãe dizendo que precisava conversar com ela, apresentar-lhe sua namorada. -Sai mais em conta a sra vir aqui, pois a gente indo o custo é bem maior. E a sra me visita, né? -tentou convencer Fernando sua mãe.
Lia aceitou o convite e garantiu que se encontrariam em uma semana. Ela viria resolver alguns assuntos e passaria dois dias com o filho.
-Mamãe essa é Joana, minha namorada -apresentou Fernando à sua mãe, Lia.
-Oi Joana. De minha parte é um prazer.  O Fernando já estava na hora de arranjar uma namorada fixa, certa -comemorou dona Lia.
-Muito feliz de conhecer a senhora. O Fernando fala muito da senhora. Estávamos programando isso já há tempos -completou Joana sorridente.
Conversaram por mais de uma hora. Foram buscar as origens de cada um. Até que chegaram na família de Joana.
-Mas você nasceu em Belém ou em Tomé-Açu? -indagou Lia, depois de Joana dizer que tinha parentes na terra dela.
-Não. de Tomé-Açu é minha mãe e meu pai -respondeu quase suspirando Joana.
-Mesmo? Qual o nome deles? -perguntou Lia.
-Meu pai é Lucas e minha mãe Ester -respondeu Joana.
Dona Lia ficou calada. Depois de alguns segundos perguntou como ia a mãe de Joana.
-Poxa. Como o mundo é pequeno, né? Acho que conheço sua mãe -garantiu Lia. -Como está ela?
-Minha mãe está bem. Meu pai é que não vemos há muito tempo -respondeu Joana.
Dona Lia já imaginou mais ou menos o assunto. Quando Joana falou o nome de Ester e Lucas ela compreendeu o que o filho queria saber. E foi logo adiantando:
-Meu filho pode ter certeza que você não é irmão de Joana. Os boatos e mexericos da época sobre o filho que poderia ter sido de Lucas, infelizmente recaíram sobre minha primeira gravidez, que é sua irmã Patricia, que pode ter certeza é filha também de seu pai, Jonas. Realmente, o meu envolvimento com Lucas foi muito grande, quase cinco anos. Mas os boatos não tinham fundamento, eram só fofocas sobre minha primeira gravidez.  Lucas já tinha outra namorada, a Ester e eu já estava com seu pai. Patrícia é sua irmã legitima, por parte de pai e mãe. E pode ter certeza que eu falo isso pra Ester, porque nunca tive raiva dela, apesar de não nos falarmos há muitos anos -declarou peremptória dona Lia.
O peso havia saído da cabeça do jovem casal. Imediatamente ligaram para dona Ester e Joana deu a noticia. Marcaram para irem no outro dia na casa da mãe de Joana. Lia aceitou de primeira.
-Nunca tive raiva de você, Ester. Fomos amigas de infância. Lucas não deu certo comigo e parece que também não deu com você. Mas é a vida. Espero que nossos filhos sejam felizes. Adorei sua filha e espero que seja minha nora -finalizou Lia abraçando a velha amiga.

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