terça-feira, 1 de junho de 2010

HUMBERTO TEIXEIRA, O DOUTOR DO BAIÃO

Falar de Baião, Forró, músicas juninas, Luiz Gonzaga e não lembrar de Humberto Teixeira é como vir ao Pará e não tomar Açaí ou Tacacá. O Doutor do Baião, como era conhecido o advogado cearense Humberto Teixeira, nasceu com a música e a poesia na alma, dada sua verve, sensibilidade musical e seu ritmo cadenceado, com destaque para o imortal Baião.
Teixeira em 1945, depois de ouvir o sanfoneiro pernambucano Luiz Lua Gonzaga tocar, teve a idéia de lançá-lo como cantor com um novo e totalmente diferente ritmo musical, o forró.
Daí em diante Humberto Teixeira por três vezes consecutivas foi eleito o "Melhor compositor do Brasil". Autor de verdadeiras pérolas, tendo em seu repertório junto com Luiz Gonzaga clássicos como "Asa Branca", " Adeus Maria Fulô" "No meu pé de serra", "Respeita Januário", "Qui nem giló" e muitas outras, Humberto Teixeira foi embauxador da Música Brasileira em vários países como França, Chile, Inglaterra, Japão, EUA, Itália e muitos outros, sempre elevando o nome da música brasileira e levando artistas nacionais em turnês que ficaram famosas na década de 50.
Humberto Teixeira teve músicas gravadas pelos mais famosos artistas brasileiros como Dalva de Oliveira, Geraldo Vandré, Carmélia Alves e muitos outros. Foi defensor do Direito Autoral, sendo um dos maiores lutadores pelos direitos dos compositores e cantores brasileiros. Foi também Deputado Federal e sua única filha, a atriz Denise Dumont, deu-lhe também um único neto com o ator Cláudio Marzo.
Faleceu em 1979, aos 64 anos, mas seu trabalho musical ficou perpetuado em várias vozes nacionais.
Em 2002, Humberto Teixeira ganhou um reconhecimento, embora a meu ver ainda modesto, por seu importante trabalho como artista e divulgador da MPB no mundo. Um filme documentário, dirigido por Ana Lontra Jobim e sua filha Denise Dumont. A Gravadora Biscoito Fino também lançou CD em que vários artistas do naipe de Chico Buarque, Gilberto Gil, Fagner, Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, Maria Bethânia, Gal Costa, Lenine, Elba Ramalho e outros homenageiam o compositor e poeta cearense, na verdade um dos maiores ícones da canção nordestina e brasileira, Humberto Teixeira.
Aos leiotres e seguidores deste Blog, um dos maiores clássicos de Humberto Teixeira, gravado originalmente por Luiz Gonzaga e depois pela voz maravilhosa de Elba Ramalho:

LÉGUA TIRANA *

Oh, que estrada mais comprida
Oh, que légua mais tirana
Ai, se eu tivesse asa,
Inda hoje eu via Ana

Quando o sol tostou as foia
E bebeu o riachão
Fui inté o juazeiro
Pra fazer a minha oração

Tô voltando estropiado
Mas alegre o coraçãoo
Padim Ciço ouviu minha prece
Fez chover no meu sertão

Varei mais de vinte serras
De alpercata e pé no chão
Mesmo assim, como inda farta
Pra chegar no meu rincão

Trago um terço pra Das Dores
Pra Raimundo um violão
E pra ela, e pra ela
Trago eu e o coração

*por respeito ao poeta, foi usada a grafia original da letra.

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