sexta-feira, 8 de junho de 2012

Roman Polanski provoca os EUA

Os casais Longstreet e Cowan discutem o problema dos filhos
O novo filme de Roman Polanski, "Deus da carnificina",  é polêmico, além de provocante, o que é natural em quase toda a obra do conceituado diretor. Desta feita o criador de "O bebê de Rosemary" lança sua arrogante provocação ao sistema americano, país que o condenou por um suposto estupro a uma menor, há exatos 35 anos, e onde ele não pode por os pés, sob pena de ser preso, a não ser que se apresente à polícia.
Deus da carnificina", que estreou ontem em vários cinemas brasileiros, se passa justamente no país que não quer ver Polanski a não ser atrás das grades: os EUA. Como não pode ir à terra de Tio Sam, Polanski criou num estúdio em Paris um falso apartamento  nova-iorquino, situado no bairro do Brooklin, onde tudo se desenrola, numa das mais severas criticas ao "modus vivendis" americano.
O filme é baseado numa peça da escritora francesa Yasmina Reza, onde dois casais se reúnem para discutir um caso de "bulliyng" entre seus filhos: os Longstreet e os  Kowan. O filho dos Kowan atacou o filho dos Longstreet com um pedaço de pau. A discussão no apartamento até que começa calma, mas termina na agressão verbal de ambas as partes. O original na realidade se passa num apartamento parisiense. A idéia de transportar o local para os EUA foi do brigão Roman Polanki.
No filme, onde uma das atrizes principais é a premiada Jodie Foster ("Silêncio dos Inocentes"), Polanski usou efeitos especiais digitais para retratar um Nova Iorque direto de um apartamento montado em Paris.F
Francês -naturalizado polonês- Roman Polanki enfrenta problemas e é polêmico praticamente desde que nasceu. De origem judia, sua família foi confinada pelos nazistas em um gueto judeu. Bem criança, Polanski viu sua família ser presa, e assistiu sua mãe e sua irmã serem levadas pelos soldados de Hitler sem saber para onde elas estavam indo.
Antes das próximas ações nazistas, seu pai o levou garoto até uma cerca de arame farpado e o ajudou a escapar. Para que ele não ficasse sozinho, o pai de Polanski já tinha pago uma família que estava livre para que cuidassem do menino.
Ao final da guerra, Polanski foi morar com a família de seus tios e vê o pai retornar dos campos de concentração com a notícia de que sua mãe tinha sido morta nas câmaras de gás e que sua irmã tinha ido morar na França.
Essa infância trágica é vista como grandes influências nas obras do diretor. Alguas destas situações podem ser conferidas de forma quase explícita no filme "O Pianista", de 2002. Além deste filme, outros trabalhos do cineasta mostram um ambiente claustrofóbico em que alguém parece sempre estar sendo perseguido.
Diretor de filmes como "Chinatown", "O bebê de Rosemary", "A dança dos vampiros", "Tess" e "O pianista", Roman Polanski com "Deus da carnificina" lança seu veneno provocativo mais uma vez contra o país que o condenou lhe tirando o direito de trabalhar onde ele era considerado quase um rei: os estúdios de Hollywood.

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