segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ustra, o torturador, negou seus crimes

Palhaçada, cinismo, mal caratismo.  É o mínimo que podemos chamar do depoimento do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra à Comissão Nacional da Verdade, sexta-feira, 10. Arrogante, prepotente, debochado, Ustra, que foi reconhecido como torturador por vários presos, dentre os quais a atriz Beth Mendes, levou consigo habeas corpus para não falar, o que mostra que além de tudo é um covarde que preferiu culpar o Exército,  e assim se eximir das atrocidades que praticou durante a ditadura militar entre os anos de 1964 e 1985.
Natalini foi torturado pelo coronel Ustra
O coronel Brilhante Ustra foi  um dos mais violentos torturadores do regime de exceção que se abateu sobre o Brasil durante mais de duas décadas. Ex-chefe do DOI-Codi de São Paulo entre 1970 e 1974, considerado o período mais macabro do regime, em depoimento à Comissão da Verdade, preferiu defender-se dos crimes cometidos com aleivosias e ironias, como quando afirmou que a presidente Dilma Rousseff  "militou em organizações terroristas”, ou na negativa de que “nunca houve assassinatos no período em que os militares que salvaram o Brasil do comunismo estiveram no poder".
Brilhante Ustra, apresentou-se à Comissão da Verdade munido de habeas-corpus concedido pela Justiça Federal que lhe garantiu o “direito” de ficar calado. Mas não resistiu e respondeu algumas perguntas, embora agressivamente, aos gritos, relembrando seus tempos de carrasco, como um bárbaro, batendo na mesa. 
Ustra fez-se acompanhar de dois militares, ambos também da reserva, que juntaram-se  ao bruto coronel nos insultos aos membros da Comissão da Verdade e à própria presidente Dilma Rousseff.
Mesmo com todas as provas testemunhais e materiais dos crimes praticados no Brasil durante o regime  militar, e apesar de o país ter sido advertido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos e até pela ONU por não punir os criminosos do macabro período, a Comissão da Verdade já sentiu que vai ter que lutar muito e com coragem, principalmente no enfrentamento a pessoas como o coronel Brilhante Ustra que, com arrogância de quem já torturou e chefiou torturadores, tenta diminuir ou justificar as atrocidades cometidas pelo regime de força que passou mais de 20 anos no poder.
A Comissão da Verdade não tem que se render ao coronel Brilhante Ustra e aos que cometeram atrocidades durante a ditadura. Coronel Ustra, que vive livremente afrontando as vítimas de suas sessões de tortura, como o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PV) que, durante o depoimento do coronel, disse que foi torturado com requintes de crueldade por ele e que depois foi inclusive insultado por seu algoz, chamando-o de "terrorista", tem que pagar por seus crimes e se ele chama os brasileiros civis que foram covardemente torturados de "terroristas", ele que aponte alguma vítima  militar que sofreu tortura.
Estudante de Medicina e membro do Centro Acadêmico na época, Natalini disse que certa feita foi colocado nu por Ustra em uma poça d'água com fios de choque atados ao corpo. "Ele chamou a tropa para que eu fizesse uma sessão de poesia. Durante horas ele ficou me batendo com ma vara. Outros vinham e me dava telefone (tapas com as mãos nos ouvidos) e muito eletrochoque", disse Natalini, que compunha poesias contra a ditadura.
Os trabalhos da Comissão da Verdade estão praticamente se iniciando. Até o final do primeiro semestre de 2014, quando estiverem no final, muita coisa ainda vai acontecer. Veremos muitos ustras negando seus crimes, suas participações. Mas a Comissão não  tem que dar trégua a eles. Tem que chamar a todos, para que seja mostrado ao Brasil e ao mundo quem realmente são eles.
Se espera que pelo menos alguns que brevemente serão convocados pela Comissão da Verdade ajam com coragem, falem o que sabem, não fiquem na defensiva acusando sem provas. Que não fujam nervosa e covardemente das acareações, como Ustra, que achou mais fácil a garantia de um habeas corpus para ficar calado e quando resolveu falar foi para se esquivar, partindo para acusações levianas e covardes contra verdadeiros brasileiros.

5 comentários:

  1. Compadre,

    Tem que ser punido todos os que em nome do estado brasileiro torturou e matou os que se oporam ao golpe civil/militar de primeiro de abril de 1964.

    Laerço

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    1. Mas tem qe ser punição mesmo. Botar esses inimigos da democracia e do povo na cadeia.

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  2. Colocar na cadeia os bandidos do passado com os bandidos de agora: José Dirceu, Genoino, delubio Soares, etc

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    1. Contanto que provem e que os que julgam antecipdamente não sejam "dirigidos" pela Imprensa reacionária e alguns juízes que preferem os holofotes do que trabalhar democraticamente.

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  3. Meu compadre,


    No depoimento do torturador (condição confirmada em sentença) Ustra, um dos momentos que me impressionou foi quando um integrante da Comissão da Verdade mostrou que esse bandido "prestava contas" de seus atos bárbaros.

    Enfim, a tese de morte em combate não tem como sustentar.

    Meu compadre, no sítio do CSP Conlutas há uma charge que devias ver. Nela consta a caricatura do Ustra e seu rastro de sangue.

    Tortura nunca mais!!!!!!!!!!!

    Atenciosamente,

    Laerço

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