Sei que é muito difícil remar contra a maré, mas podemos ao 
menos tentar, antes que não tenha mais jeito. De uns tempos para cá, não
 sei precisar exatamente o dia e a hora, mas começou a se formar uma 
onda de mau humor no país, um tsunami de coisa ruim e cara feia que vai 
atingindo todo mundo em todas as latitudes. 
O vento virou de repente. Basta sair á rua, ver as notícias na banca 
de jornais, entrar no táxi, olhar para as pessoas nos pontos de ônibus, 
encarar uma fila no banco ou no supermercado. Parece que está todo mundo
 de cara amarrada, só esperando pelo pior.  
Que se passa? Daqui a pouco as pessoas nem vão mais se perguntar se 
está “tudo bem”, já vão logo soltando os cachorros para mostrar que vai 
“tudo mal”. Em alguns ambientes, pega até mal dar risada ou querer fazer
 uma brincadeira. “Está rindo do quê”? São tantas tragédias, crises, 
desgraças e ameaças que estamos ficando proibidos de sorrir.  
Fica difícil saber se o problema é individual ou coletivo ou as duas 
coisas juntas, mas a culpa certamente deve ser do governo, qualquer 
governo. O fato é que se tanta gente está insatisfeita, é preciso fazer 
alguma coisa, sei lá, trocar de roupa, de emprego, de namorado ou 
namorada, de boteco, de carro ou de prédio.
No meu caso, trocar de prédio já ajudaria muito porque vivo em meio a
 uma obra interminável de reforma da fachada, fora várias outras nos 
apartamentos, e com um vizinho de cima que parece estar de mudança todos
 os dias. O barulho é full-time. 
Que fazer? Já estou usando tampão nos ouvidos, já fiz apelos aos 
sentimentos humanos dos vizinhos, só me resta pedir socorro à sociedade 
protetora dos animais, quem sabe ajuda. 
Boa notícia é coisa tão rara ultimamente que já vão logo nos 
avisando, mas sempre com uma ressalva: “Boa notícia atrasada”, informa a
 Folha sobre a abertura da estação Pinheiros do Metrô de São Paulo, no 
próximo dia 16, mais de cinco anos após o início da obra. 
Podem reparar: quando sai uma notícia boa, vem sempre acompanhada de um mas:
“Muito sol nesta quarta feira, mas pode chover à tarde…”.
“Inflação começa a cair, mas pode voltar a subir”.
“Cai o nível de desemprego, mas ainda faltam postos de trabalho”.
“País cresce, mas pode ter problemas nos aeroportos…”, e por aí vai.
“Inflação começa a cair, mas pode voltar a subir”.
“Cai o nível de desemprego, mas ainda faltam postos de trabalho”.
“País cresce, mas pode ter problemas nos aeroportos…”, e por aí vai.
Pegue qualquer noticiário de rádio ou TV e veja quanto tempo passa 
até que se fale de alguma coisa boa, divertida, prazerosa, engraçada ou 
bonita, que tenha acontecido em algum lugar do mundo. 
Esta semana, ainda bem, pelo menos temos o casamento dos príncipes 
para espantar um pouco o mau humor do noticiário. Mas até disso já tem 
gente reclamando. “Que exagero!… E o que eu tenho a ver com isso? Nem 
fui convidado…”.
Ficamos assim, então: o Balaio convoca seus fiéis leitores para 
entrarmos todos na luta contra o mau humor. Não custa nada, e mal não 
vai fazer, garanto. 
Alguém aí tem uma receita? 
(Do Balaio do Kotscho)  
É verdade. Tá flórida.
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