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A bela Florbela Espanca |
A poetisa Florbela Espanca nasceu Flor Bela Lobo, em Vila de Viçosa, em Portugal, em 8 de Dezembro de 1894. Filha de Antônia da Conceição Lobo e de seu patrão, João Espanca, Florbela só recebeu o nome paterno quase 20 anos depois de sua morte, a pedido de seus amigos e fãs, os chamados "Florbelianos", que praticamente exigiram que ele desse seu nome à poetisa.
Florbela Espanca começou a escrever aos 9 anos. De vida polêmica, casou-e muito cedo, aos 19 anos, período em que entrou para a Faculdade de Direito de Lisboa, curso que não chegou a concluir. Divorciou-se e logo depois casou novamente, divorciando-se de novo e voltando a casar-se. Florbela casou-se ainda mais uma vez, desta feita com um médico.
A poesia de
Florbela caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da
solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo
de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto,
no infinito. A veemência passional da sua linguagem, marcadamente
pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um
sensualismo muitas vezes erótico. Simultâneamente, a paisagem da
charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e
poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a
natureza.Florbela Espanca
não se ligou claramente a qualquer movimento literário.
Está mais
perto do neo-romantismo e de certos poetas de fim-de-século,
portugueses e estrangeiros, que da revolução dos modernistas, a que
foi alheia, embora tenha vivido o auge deste movimento na década de 20. Pelo caráter confessional, sentimental, da sua poesia,
segue a linha de António Nobre, fato reconhecido pela poetisa. Por
outro lado, a técnica do soneto, que a celebrizou, é, sobretudo,
influência de Antero de Quental e, mais longinquamente, de Luis de Camões.
Florbela morreu jovem, em 1930, aos 36 anos, segundo os médicos de edema pulmonar. A poetisa viveu os últimos anos de sua vida doente, principalmente afetada em seu psicológico desde que seu irmão Apeles Demóstenes Espanca, com quem a poetisa tinha uma relação muito forte, morreu em acidente de avião, em 1927.
Florbela morreu jovem, em 1930, aos 36 anos, segundo os médicos de edema pulmonar. A poetisa viveu os últimos anos de sua vida doente, principalmente afetada em seu psicológico desde que seu irmão Apeles Demóstenes Espanca, com quem a poetisa tinha uma relação muito forte, morreu em acidente de avião, em 1927.
Poetisa de
excessos, cultivou exacerbadamente a paixão, com voz marcadamente
feminina (em que alguns críticos encontram dom-joanismo no
feminino). A sua poesia tem suscitado interesse contínuo de leitores e
investigadores. É tida como a grande figura feminina das primeiras
décadas da literatura portuguesa do século XX. Aos navegantes e seguidores deste Blog, dois belos poemas em forma de sonetos: "Fanatismo" e "Amor que morre", onde Florbela Espanca pôe a sua sensibilidade e sensualidade quase erótica. Ah, o poema Fanatismo foi musicado na década de 80 pelo cantor e compositor Raimundo Fagner.
Fanatismo
Minhálma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és se quer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio do Fim!..."
Amor que morre
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.
E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir
sensacional
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