Cametá campeão! A vitória "papa xibé"

Cametá contrariou a todos. Riu por último. Como campeão paraense!

Cametá campeão! Sinomar tri campeão, bi consecutivo, ano passado pelo Independente e agora pelo Cametá. Um título que poderia muito bem desmitificar várias máximas que se perpetuam preconceituosamente contra técnicos, jogadores e equipes menores do nosso futebol.

O título de campeão do ano ganho pela segunda vez consecutiva heróicamente por uma equipe do interior, formada por jogadores que são chamados por torcedores e até pela Imprensa preconceituosamente de "sucatões", e por um técnico que por ser "papa chibé" (é goiano de nascimento mas paraense por adoção) não é valorizado como deveria, poderia servir de lição às duas principais equipes de nosso estado. Mas sabemos que não servirá. Nada mudará, tudo será como antes. Esperem e confiram.

A volta por cima de Sinomar Naves

A vitória cametaense, além do mérito da equipe dirigida por Sinomar Naves, se deve principalmente à incompetência do técnico Flávio Lopes, que mostrou que pouco conhece de esquema tático, e se conhece prefere jogar na defensiva: com três zagueiros, um amontoado de jogadores perdidos no meio de campo e um ataque atrapalhado, como aconteceu ontem, quando entrou e terminou o jogo com a equipe covardemente na defensiva, pressionada por todos os setores por um esquema agressivo do técnico Sinomar Naves, do Cametá.

Assim, analisamos que a derrota remista se desenhou desde os primeiros minutos do jogo, pois o chamado Leão não entrou para matar o jogo  como deveria, já que estava em desvantagem e teria que vencer por um escore de dois gols ou mais de diferença. Claudicou em ações fúteis, como uma simples cobrança de lateral, discussões e ate agressões de um jogador da própria equipe com outro, num clima de animosidade e quase desespero de atletas que poderiam "vender" experiência, pois são "passados na casca do alho". Mas que ontem não foram nada isso.

Na situação em que chegou a se encontrar, vencendo por 2 a 0, se tivesse um técnico preparado, competente, óbviamente tentaria o terceiro e o quarto gols, não recuaria com a equipe, num suicídio inevitavel, como aconteceu. Lopes não  soube ganhar o jogo, por isso e o grande culpado da derrota remista.

Displicente desde o início do jogo, o Remo abriu brecha para que Sinomar estudasse o esquema falido de Flávio Lopes e os setores vulneráveis da equipe e assim explorasse os erros  dos azulinos.  Naves, ao contrário do Remo,  mandou sua equipe para a frente, esquecendo por completo o regulamento que lhe daria o título -como deu- com o empate.

O Remo era frágil, não conseguia realizar nenhuma jogada no meio de campo, tampouco no ataque. Assim, foi dominado por  todo o primeiro tempo. O "pau comeu na casa de Noca" entre Fábio Oliveira e Cassiano.  Cada um pior que o outro, mas o veterano Oliveira saiu vencedor, porque permaneceu, mesmo meio manco, em campo.

No segundo tempo a equipe de Flávio Lopes até que entrou mais acesa. O gol saiu logo no início, aos quatro minutos, em cabeçada de Juan Soza, após uma cobrança de falta por Betinho,  feita por Ricardo Capanema e que gerou sua expulsão. O Remo melhorou. Parecia que o chamado Leão degustaria fácil o Mapará.

Vencendo e dominando o setor de meio campo, o Remo se reforçou com Joãozinho e logo depois com Jaime, que gerou mais velocidade ao ataque, já que Cassiano não rendia bem, e Marciano perdia bolas incríveis. O segundo gol surgiu num cruzamento de Joãozinho, aos 26 minutos, em que Fábio Oliveira só teve o trabalho de meter o pé.

Mas durou pouco o domínio leonino. Flávio Lopes achou que já ganhara o jogo com o segundo gol. Então ordenou que o time recuasse, e deixou apenas Joãozinho na frente. Até Fábio Oliveira recuou para ajudar a defesa.

O Cametá não se entregava, apesar da barulheira da torcida remista, tentando abater o psicólogico dos jogadores cametaenses, a maioria papa xibé, comedor de açaí com mapará. Marcelo Maciel fazia e desfazia na frente, deixando a zaga remista maluca e nervosa. Paty não reeditava as últimas atuações, mas Ratinho quando pegava na bola era sempre um perigo.

Sinomar aproveitou a expulsão de Fábio Oliveira e reforçou o ataque, tirando o lateral Souza e colocando o veloz Garinchinha, que entrou com missão de infernizar a zaga remista ainda mais. De primeira deu chute no canto direito obrigando o Adriano a se esticar o máximo que pode. Logo em seguida numa jogada de Marcelo Maciel pela direita a bola sobrou de mole para o pequeno Garrinchinha. Ele meteu a cabeça e correu. Eram decorridos 40 do segundo tempo. A esperança cametaense agora estava renascida nas penalidades.

Soares, o veterano jogador que outrora fora dispensado pelo Remo, tentara até então e não acertara uma falta. Ele só acertava na barreira, ou seja, vinha desperdiçando sua grande especialidade. Aos 44 a coisa foi diferente:  bateu certeiro no ângulo do veterano Adriano (talvez vire treinador de goleiros), fechando de vez o caixão azulino. A torcida remista, sempre valente e fiel, que já havia calado parcialmente no gol de Garrinchinha, não acreditava no que via. Era o gol de empate e do título de campeão paraense de 2012 do Cametá.

Dois gols em menos de cinco minutos. Dois gols papa xibé, de dois veteranos jogadores, que alguns chamam de sucata. Dois atletas que já passaram por Remo e foram dispensados. Segundo eles, como também Sinomar, que foi preterido pelos remistas, não houve vingança. Houve sim trabalho, seriedade, comprometimento. Foi a vitória da humildade, dos baixos salários, do paraensismo, de guerreiros sobre uma equipe que teve tudo nas mãos. Mas deu mole ao adversário, fugindo do jogo, e acossada, teve que ceder. Uma vitória merecida que mostra que, quem ri por último, ri melhor.

Parabéns ao time, ao técnico e à torcida do Cametá!