segunda-feira, 7 de maio de 2012

Socialismo volta ao poder na França

AFP / O socialista François Hollande comemora após o resultado da eleição presidencial na França    François Hollande comemora após o resultado da eleição presidencial na França

Socialistas do mundo inteiro estão em festa com a vitória de François Hollande, candidato socialista eleito neste domingo presidente da França ao derrotar o atual chefe de Estado, o conservador Nicolas Sarkozy, no segundo turno das eleições francesas.
Hollande, que desde o início da campanha vinha na frente em todas as pesquisas,  se converte assim no segundo presidente socialista da V República Francesa, fundada pelo general Charles De Gaulle em 1958, depois de François Mitterrand, chefe de Estado de 1981 a 1995.
Assim que saiu o resultado das eleições os simpatizantes da esquerda na França tomaram as ruas do país para comemorar a vitória do socialista Hollande em uma demonstração de júbilo que teve seu auge na simbólica Praça da Bastilha de Paris.

Dilma parabeniza francês Hollande por vitória eleitoral

A presidenta Dilma Rousseff defendeu que o aperto fiscal seja acompanhado por políticas de crescimento e inclusão social na França, ao cumprimentar o novo presidente eleito no país, François Hollande, pela vitória. Em mensagem encaminhada esta noite, a presidente aproveitou para convidar o colega para a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, em junho, no Rio de Janeiro.
Recebido por uma multidão na emblemática Praça da Bastilha, em Paris, Hollande afirmou que sua vitória marca o início de "um movimento que se ergue em toda a Europa" e pelo mundo em busca dos valores de esquerda.
"Vocês são muito mais que um povo que quer a mudança, são um movimento que se levanta por toda a Europa e, talvez, por todo o mundo para promover nossos valores, nossas aspirações e nossas exigências de mudança".
"Vamos nos lembrar, pelo resto de nossas vidas, deste grande encontro aqui na Bastilha, que irá inspirar outros povos, de toda a Europa, para a mudança que se anuncia". "Em todas as capitais, além dos chefes de Estado e de Governo, há pessoas que graças a nós têm esperança, nos olham e querem terminar com a austeridade".
Há 31 anos, a esquerda ocupou a Bastilha para celebrar a vitória de Mitterrand, presidente da França de 1981 a 1995.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, na cidade de Tulle (centro), Hollande disse que está "ciente de que toda a Europa nos observa (...) e de que em diversos países europeus há um sentimento de alívio e de esperança, de que, por fim, a austeridade não deve ser mais uma fatalidade".
"Neste 6 de maio", prosseguiu o presidente eleito, "os franceses escolheram a mudança para me levar à presidência da República" e estou "orgulhoso por ter sido capaz de devolver esta esperança". "Prometo ser o presidente de todos".
Já na Bastilha, Hollande pediu à esquerda que "não abandone a mobilização" visando às eleições legislativas de 10 e 17 de junho. (A partir de dados de agências).

Um comentário:

  1. Laerço S. Bezerra8 de maio de 2012 às 13:52

    "O que muda com o retorno do Partido Socialista ao poder?

    A derrota de Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais da França no último domingo, 6, provocaram uma grande satisfação entre muitos trabalhadores, não só da França, mas de muitos outros países da Europa. Afinal, foi Sarkozy (ao lado da chanceler alemã Ângela Merkel) o responsável pelos planos de austeridade que impõe uma enorme regressão social para a juventude e a classe trabalhadora europeia.

    Tentando desesperadamente restaurar as taxas de lucro dos capitalistas, os governo da Alemanha e França (o eixo da União Europeia) empurram os povos do continente para o caminho da miséria, por meio de demissões, cortes salariais, reforma trabalhistas e na Previdência, corte nos orçamentos e o avanço da privatização.

    A satisfação com a derrota de Sarkozy, portanto, expressa o crescente descontentamento popular em todo o continente contra os planos da “troika” (FMI, Banco Europeu e Comunidade Europeia) e um repúdio aos governos atrelados aos banqueiros.

    No entanto, não há motivos para se omemorarar a vitória de François Hollande, do Partido Socialista. O retorno da social-democracia à presidência não assustou nem o mercado financeiro, nem os principais chefes dos governoa imperialistas. "A aliança está tão forte hoje quanto estava na semana passada," disse o porta-voz da Casa Branca, enquanto as Bolsas de Valores funcionavam normalmente. Já Merkel assegurou que receberá “com os braços abertos” o presidente eleito.

    Tal confiança é plenamente justificável. O Partido Socialista está organicamente comprometido com a manutenção da União Europeia e sequer cogita em acabar com o bloco ou com o Euro. Quando esteve à frente do governo, o então presidente socialista François Mitterrand, assinou Tratado de Maastricht, que criou a UE. Como se não bastasse, até bem pouco tempo atrás, um dos seus principais quadros, Dominique Strauss-Kahn, enquanto presidente do FMI, foi um dos responsáveis em garantir que os planos de austeridade fossem aplicados pelos governos do bloco. Strauss-Kahn era o principal nome do PS para concorrer às eleições presidenciais, mas o envolvimento do ex-presidente do FMI em escândalos de assédio sexual obrigou o partido a improvisar a candidatura de Hollande.

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    Os trabalhadores da França devem confiar em suas próprias forças para defender seus meios de vida contra as demissões e o desemprego. Não há como conciliar as necessidades básicas dos trabalhadores e do povo com o “resgate” dos bancos. Os planos a que condiciona a permanência dos países no Euro e na UE são os mesmos que condenam os trabalhadores e dos setores populares ao empobrecimento e à ruína social. Por isso, a saída para crise é a retirada da França da UE, seguida da nacionalização dos bancos, do monopólio estatal sobre o comércio exterior e controle dos trabalhadores sobre todas as empresas que realizarem demissões."

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