quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dom Casmurro, clássico de Machado de Assis, ganha versão em quadrinhos

Um dos maiores clássicos escritos por Machado de Assis, que conta com inúmeras traduções em vários idiomas e adaptações no cinema e na TV, ganha agora sua versão em quadrinhos. A Editora Nemo lança Dom Casmurro de Machado de Assis, uma adaptação de Wellington Srbek e José Aguiar.
Dom Casmurro se destaca por sua engenhosidade na construção de cada elemento da narrativa. Utilizando-se de uma linguagem digressiva, em flashbacks, Machado de Assis criou uma espécie de livro de memórias ficcional, cujo narrador protagonista, Bentinho, tem a intenção de “atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. E assim convencer o leitor do adultério cometido por sua esposa, Capitu.
O roteirista Wellington Srbek consegue preservar toda a riqueza do texto machadiano, reunindo os 148 capítulos curtos que integram a obra original em 20 partes, que resgatam tanto o enredo como a riqueza da linguagem culta machadiana, repleta de ironias e metáforas. O realismo que caracteriza a obra é também transposto nos traços dos desenhos em preto e branco de José Aguiar, que trazem dois estilos para diferenciar a narração feita por Casmurro dos fatos que ele narra. A HQ conserva o estilo machadiano, com as ações sendo relatadas conforme surgem na memória e na vontade personagem-narrador.
Fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis demonstra todo seu talento ao centrar a narrativa em elementos psicológicos, revelando o mundo interior de seus personagens, investigando a alma humana, trazendo à tona contradições e problemáticas. Sua versão em quadrinhos logra com sucesso o mesmo intento, proporcionando ainda elementos imagéticos que enriquecem a leitura do texto clássico.
Sobre o autor
Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 1839, é considerado o maior dos escritores brasileiros. Um apaixonado pela literatura e observador atento da vida social, suas obras têm o caráter atemporal de verdadeiros retratos da alma humana. Com a força de seu texto irônico e sua narrativa cativante, os clássicos machadianos vencem o tempo, renovando-se a cada leitura.
Sobre o roteirista
Wellington Srbek nasceu em Belo Horizonte em 1974, é formado em História, mestre e doutor em Educação pela UFMG. Pesquisador e professor de quadrinhos, recebeu os principais prêmios nacionais como roteirista e editor de HQs. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão o álbum Estórias Gerais e série Solar.
Sobre o desenhista
José Aguiar nasceu em Curitiba em 1975, é arte-educador formado pela FAP, roteirista, ilustrador e editor, premiado com o troféu HQ Mix. Entre suas obras destacam-se Folheteen, Vigor Mortis Comics e Quadrinhofilia, além de dois volumes de Ernie Adams e da coletânea Un Jour de Mai, publicados na França. (Do Vermelho).

4 comentários:

  1. Mesmo em quadrinhos seguiremos a gostosa discussao. Capitu traiu ou nao? Bentinho.
    Em minhas muitas releituras , tenho muitos trechos dos quais me delicio. Mas existe um em especial*

    OLHOS DE RESSACA

    Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...
    As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto, nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

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  2. Tem que tirar o chapéu para o conformismo do pobre Bentinho. Machado foi genial com Dom Casmurro, para mim a mais bela obra da literaura do Brasil.
    Um livro que até hoje faz com que intelectuais discutam qual seria o melhor final. Seria bom que noveslistas globalizados se inspirassem no fundador da ABL para fazer algo que não passasse de um simples folhetim. Machado era, realmente, o Cara!

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  3. eu prefiro Quincas Borba:AO VENCEDOR AS BATATAS

    e isso de versão em quadrinhos é um lixo,me fizeram ler uma versão em quadrinhos do Alienista pra escola quando eu tinha uns 10 anos,e além do livro ter ficado muito sacal neste formato estragou pra mim a verdadeira experiencia da leitura dessa obra em sua forma original,até hoje tenho uma certa prevenção com este livro,mesmo sendo fã do Machado de Assis,por causa disso

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  4. Marcos Moraes de Lima4 de dezembro de 2011 às 13:30

    Sempre admirei os quadrinhos. Mas uma obra tão importante comoa machadiana, certamente tranbsformada em quadrinhos ou até mesmo levada para o Cinema, perde um pouco.

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