sexta-feira, 15 de julho de 2011

E nós? Aonde vamos?

Em outros tempos, quando os jornais dários tinham uma uma maior tiragem, circulavam em sua maioria vespertinos, num duelo de titãs como acontece atualmente em nossa Grande Imprensa, com lavagem diária de roupa suja, numa briga caracterizada simplesmente pelo poder  de quem manda mais, quem é mais forte, etc., a solução era a criação de um terceiro e às vezes até um quarto jornal, de qualidade, para dividir o mercado e até evitar tanta bagulhada como se ver e ler  diariamente em matérias, colunas  e editoriais.
Rixa de dois grandes grupos empresariais é fato até comum na Imprensa, embora também noutros tempos, quando a briga política era bem menor em todo o país, os jornais se ajudavam apoiando os que estavam em dificuldades, rodando a edição quando a máquina dava pane, arranjando uma boa quantidade de tinta quando faltava à noite ou mesmo  emprestando alguns rolos de papel linha d'água para completar a tiragem da edição.
Numa crise no Jornal da Bahia, no governo de Antonio Carlos Magalhães, que cortou todo o material publicitário do JBa. por este fazer denúncias sobre falcatruas em seu governo, os outros jornais como A Tarde e a Tribuna da Bahia, sempre deram apoio ao democrático e lutador Jornal da Bahia, o jornal de João Falcão. Com o fim do JBa., que não suportou a crise da falta de apoio de empresas subjugadas a ACM  e do próprio governo baiano, e com o surgimento do jornal da família Magalhães, o Correio da Bahia, felizmente a Imprensa da Boa Terra não ficou com apenas dois jornais diários. As forças são divididas entre A Trade, A Tribuna e o Correio.
Também em Fortaleza, o jornal O Estado,  o menor dos jornais diários, que competia  com o O Povo,  Tribuna do Ceará e Correio do Ceará, foi muito ajudado, principalmente pela Tribuna do Ceará e pelo Associado Correio. 
Venelouis Xavier Pereira, dono do O Estado, por ser  um homem de esquerda (chegou até a ser sequestrado em pleno período da ditadura) e por isso não ter papas na língua e não se curvar para as "ordens" das autoridades, em toda a sua vida como homem de imprensa, teve problemas para tirar seu jornal. Quando passou para o sistema Off-Set, comprou uma máquina antiga, que só vivia dando problemas, mas sempre seu amigo José Afonso Sancho da Tribuna ou o pessoal dos Associados lhe quebravam o galho para o O Estado circular. Com o fim  do Correio do Ceará, que era dos Associados, o empresário Edson Queiroz, do ramo de gás liquefeito, fazendas, Universidade e com uma TV repetidora da Globo, criou o Diário do Nordeste, e em poucos anos a Tribuna do Ceará acabou, como também o jornal do Venelouis, O Estado. Hoje dois grupos, como aqui no |pará, dominam a Imprensa cearense: O Povo, da família Dummar, e o Diário do Nordeste, da família Queiroz.
Aqui a situação é mais séria. Com o fim da Província do Pará, que depois que Roberto Jares faleceu ficou de mão em mão, e hoje não se sabe a quem pertence o título, ficaram O Liberal e o Diário do Pará. Para se fortalecer, O Liberal criou o popularesco Amazônia, uma pequena e timidamente estilosa imitação dos tablóides londrinos, para pegar uma fatia do mercado. Deu certo. Pelo preço, pelo sangue e pelo esporte, conseguiu pegar uma classe de leitores.  O certo é que munido dessas armas, os Maioranas enfrentam diariamente os Barbalhos. "É porrada todo dia", como diz meu colega do Ver-o-Peso João Pedro, que é leitor dos editoriais. Por seu lado, o Diário também entra no jogo e ataca como pode. Se um tem um jornal a mais, o outro larga o ferro pela TV e pela sua emoissora de rádio. A briga é feia, desinteressante, porque nota-se um jornalismo enxovalhado, antigo, que o leitor não merece mas tem que consumir, infelizmente.
A Imprensa existe para noticiar a verdade. Opinar com embasamento e seriedade. Quando o bom jornalismo é deixado de lado em prol da briga pessoal, por rixa política e familiar, com certeza ela empobrece, o material que se trabalha, que é a notícia, perde a qualidade. Dai, para a perder a credibilidade é um passo. Um passo que os dois - Diário e O Liberal- infelizmente estão dando cada vez mais largos. E nós, pobres mortais leitores, é que estamos perdendo por não termos em nosso Estado uma terceira via.

(Marcos Moraes)

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