terça-feira, 18 de setembro de 2012

Desculpa da professora racista lembra famosa frase do poeta Bocage

O episódio de racismo envolvendo a antropóloga e professora da UEPA, Daniela Cordovil, o segurança e o aluno que filmou a cena em que a docente xingou os dois de "macaco" e "imbecil", teve enorme repercussão e, sentindo o problema gerado na sociedade, no meio acadêmico e em todo o Brasil, a professora quis se redimir, mas, como diria Bocage, "a emenda saiu pior que o soneto".
A antropóloga, que é professora de Ciência da Religião Afro da Universidade do Pará, deu entrevista à noite de ontem a uma emissora de TV onde diz que não é racista nem discriminou o segurança, embora reconheça que o chamou de macaco. "Reconheço que errei, mas não fui racista, apenas perdi a calma e falei o que não devia", disse a professora. A repórter insistiu: "Quando a sra. chamou ele de macaco, qual era sua intenção?", ao que a professora respondeu: "apenas expressei a minha raiva pelo que ele fez";.
Mesmo que o ato tenha sido considerado apenas injúria, para alunos, professores e membros de defesa do direito do negro, como a professora Zélia Amador, Coordenadora de Estudos Afro Amazônicos da UFPa., e o advogado Jorge Farias, presidente da Comissão de Igualdade Racial e Etnia da OAB-Pa., o caso deve ser apurado e a professora tem que ser punida para que sirva de exemplo.
Zélia Amador acha que a Justiça deve julgar o caso como exemplar "porque é carregado de gravidade, porque ela é docente, porque ela estuda e leciona as religiões afro, e porque ela é antropóloga. O que ela fez vai além da injúria racial; ela cometeu um ato de racismo", diz a professora, fundadora do Cedenpa -Centro de Defesa do Negro do Pará.
Para o advogado Jorge Farias, o caso deve ser levado para a Delegacia de Crimes Raciais de Belém, que embora seja desconhecida, existe para casos como esse. Farias acha que o caso é corriqueiro, mas a professora deve ser punida.
Importante foi o depoimento do antropólogo Romero Ximenes, professor da UFPa. Para Romero, mesmo que seja importante que se avalie o momento que a professora  Daniela está vivendo, com greves, problema pessoal, etc.,  é certo que ela errou, e seu ato é inconcebível, mesmo porque ela é professora de Ciência da Religião Afro. "Tenho pena dela. Depois desse fato lamentável. Imagino como será sua convivência com alunos e com os colegas antropólogos. Vai ser muito, mas muito difícil para ela", garantiu Romero.
Ximenes tem toda razão. Pela repercussão que teve não só no Pará, mas em todo o país, a professora vai ter sérios problemas e se explicar muito depois do ato de racismo. Penso que mesmo que ela tenha apoio de parte de seus colegas docentes, o respingo da situação vai perdurar muito. O ideal seria um pedido de desculpas ao vivo, ao próprio segurança. Entrevista na TV, com certeza, não vai adiantar muito, não.
Olhando bem para a professora, ela em uns tracinhos bem mestiços. Mais um motivo para não ser racista.

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