sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Por que o privilégio aos médicos?

Fico observando e matutando com meus botões -como diriam os mais vividos- e indago a mim mesmo: o que será que passa na cabeça de um médico para resolver "grevar"? 
Nas minhas andanças -e olhe que conheço quase todo o Brasil e alguns paisecos- conheço muita gente, muitos profissionais liberais, dentre os quais muitos jornalistas, advogados, engenheiros de várias modalidades como civil, de minas, elétrico, etc.-, professores, escritores, pequenos empresários, trabalhadores comuns. Todos conseguem viver dignamente; muitos "apertados" para educar os filhos, outros um pouco mais folgados, conseguem ter uma casa, um apartamento, um carro. Vivem como pessoas comuns, sem direito a viagens internacionais, quando muito conseguem fazer um "milagre" e chegar a um outro estado de férias.
Conheço também alguns médicos. No meu próprio convívio tenho médicos, dentistas. Todos, sem exceção, vivem melhor do que nós, os outros. Alguns, podemos até dizer, podem ser considerados ricos, pois viajam para a Europa normalmente, adoram  Miami, que é o paraíso dos novos ricos, e curtem outras benesses que a vida só proporciona para os privilegiados.
Fiz este pequeno lead para, noutras palavras, dizer que não conheço nem um médico pobre. Todo médico tem uma vida considerada boa. É a profissão que o cidadão não pode se lamentar em termos de finanças, embora tenha que trabalhar muito. A maioria não gosta do interior. Aliás gosta. Por um dia, dois, para curtir a fazenda, o gado. Mas nada de morar ou trabalhar.
Conheço alguns que já foram prefeitos, deputados. Construíram, no interior, clínicas, hospitais, e com a fama como "doutor", conseguiram os mandatos e uma fortuna razoável.
Alguns ainda estão aí, com mandato de deputado, vereador. A profissão, além de abençoada, é uma das mais gratificantes financeiramente.
São organizados, muito mais que trabalhador da construção civil ou metalúrgico. Mexeu com um, mexeu com todos. A classe é unida. Muito unida.
No programa do governo federal Mais Médicos,  criado no sentido de melhor cuidar da vida dos mais humildes, dos que dependem só do SUS, quase todos chiaram. Se organizaram em manifestações por todo o país. Brigam, xingam, na maior hipocrisia. Logo eles, que são burgueses em sua maioria. Que sempre foram contra os que grevam, que vão às ruas lutar por salários mais dignos. Se organizaram, foram às ruas e com isso abandonaram hospitais públicos, postos médicos. Não quiseram sequer saber das consequências. 
Se consideram prejudicados nos seus direitos, "não fomos consultados". Incrível, isso!
E os pobres que ficam horas, dias, meses esperando a boa vontade deles, recebendo sempre como resposta que  o "Dr. não chegou", "não veio", "está viajando"? E as portas dos PSMs, onde diariamente morrem pessoas por falta de médicos?  E uma consulta particular, que na extrema necessidade o pobre vai e eles cobram os olhos da cara? E os erros médicos, que eles se unem corporativamente e não deixam os "barbeiros" pagarem pelos seus crimes?
Todo mundo precisa de médico. Mas todo mundo precisa também do padeiro, do operário, do encanador, do advogado, do vendedor de frutas. Todas as pessoas são úteis dentro do que trabalham, produzem.
Por que, então, os médicos exigem tratamento diferenciado? Será que quando começam a ganhar muito dinheiro esquecem o juramento de Hipócrates que fazem na formatura?
Acho, para encurtar a postagem, que o governo não deveria dar mole a esses inimigos do povo, da população carente. A Universidade Federal é pública. E ainda é o melhor ensino. Então o governo deveria aguentar, não abrir mão pela pressão que eles fazem. Quem quiser ser candidato a ser um burguesinho de bata branca, que se submeta às determinações do MEC, que todos sabem são boas para o povo. Assim como o advogado tem que se submeter ao exame da Ordem, por que os médicos não podem passar dois anos trabalhando no SUS? E ainda por cima ganhando a "miséria" de 10 mil reais, casa e comida?
Tenho certeza que se fosse feito uma pesquisa no país, todos fechariam com a proposta do governo. Mesmo porque, um dos mais renomados, mais respeitados e mais humanos médicos do Brasil, o cirurgião Adib , defende mais dois anos para a formação dos médicos e no SUS. E o Dr. Adib não é um qualquerzinho, não. Ele é consciente de que o médico existe para salvar vidas, como o padeiro existe para fazer pão e o pedreiro para fazer casas. Cada qual na sua e sendo respeitado.
Jatene

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