quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Unidos da Tijuca e Mangueira deram samba!

Tenho, de vários carnavais, um grande sentimento pela Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. É talvez pela história da fundação da Escola, que sempre me seduziu. Principalmente porque sempre fui um admirador dos que realmente "fizeram" a Mangueira como os compositores Cartola, Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho, o grande passista e hoje Presidente de Honra da Escola Delegado, Dona Neuma, Dona Zica, o grande Jamelão -que não gostava de ser chamado de "puxador", pois para ele puxador era de carro-, e mais recentemente a cantora Alcione, que é uma das maiores representantes da "Manga Rosa", dedicando parte de seu tempo como uma das formadoras da Nova Mangueira, que trabalha com jovens crianças na Comunidade do Morro de Mangueira.
Coincidentemente, este ano só me preparei para ver o desfile da Manga. Antes, porém, vi parte do desfile do Salgueiro e após o desfile da querida Mangueira (simplesmente sensacional, com paradinha e paradona na bateria e um enredo que retratou boa parte da história  do samba brasileiro: os 50 anos do Cacique de Ramos. O Cacique é berço de grandes sambistas; compositores geniais, como os mangueirenses já citados e os mais modernos como Dona Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, a rapaziada do Fundo de Quintal, Sombrinha, Arlindo Cruz, Beto Sem Braço e outras "feras" do ritmo mais brasileiro de todos.
Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que ganhou o carnaval
Ao final do desfile da Mangueira vi o início da Unidos da Tijuca. Sinceramente, foi demais. Já conhecia o Paulo Barros  e já admirava e "temia" o que ele poderia trazer de novo pelo seu talento inovador sem desvirtuar o desfile. E foi o que deu. Unidos da Tijuca levou merecidamente o título de  campeã, embora eu achasse que o Salgueiro também estava muito bem e a Mangueira merecia com certeza um terceiro ou quarto lugar.
Sobre a Unidos, a idéia das sanfonas, do barro colorindo as roupas dos cangaceiros como se fossem  bonecos de Mestre Vitalino; o "Cangaceiro Luiz Gonzaga" tocando sua "Sanfona do Povo", as "Marias Bonitas" enfim, a belíssima, honrosa e merecida homenagem ao grande mestre Luiz Gonzaga, o Rei do Baião,  em seu centenário,  foi simplesmente maravilhosa. 
Emocionante, para quem conhece e admira a obra de Gonzaga, a bela, embora figurativa, homenagem de reis e rainhas  para a coroação de Luiz Gonzaga. Até "Roberto Carlos", todos cheio de pavulagem, estava lá rendendo-se ao talento de outro rei. Apaixonantemente belo o tributo que a Unidos da Tijuca fez ao grande brasileiro de Pernambuco.
O desfile das escolas de samba, ao meu ver havia caído muito. A riqueza posta na avenida, que deixou de lado os verdadeiros sambistas, que são as pessoas das comunidades, sinceramente havia tirado deste escriba até um pouco da alegria de ver os desfiles.
Felizmente o resultado foi justo, vencendo o talento e a beleza, sem o esbanjamento que sempre colocou a Beija Flor, sinônimo de riqueza na avenida, em seu devido lugar. A escola que homenageou o Maranhão e lógicamente o carnavalesco Joãozinho Trinta, foi bastante afetada pela prisão de seu patrono, Aniz Abrão David.  Ficou em quarto lugar e a meu ver nem merecia. Samba é povo, é sangue, não pode ser confundido com excesso de riqueza.


Nenhum comentário:

Postar um comentário