Mino Carta sobre a Veja: " Criei um monstro"

Mino Carta é um dos grandes jornalistas do Brasil. Com uma cabeça à mil,  Mino na década de 60, pleno período de chumbo, criou a revista Veja, que foi por longos anos a melhor publicação de Análise e Crítica do País. Como sempre gostou de desafios, Mino negociou com a Editora Abril, saiu da publicação em que era editor, e criou a Isto É. Para se ter uma idéia da importância das duas publicações e conquentemente a genilaidade de Mino Carta, houve um período em que as duas revistas -Veja e Isto É- dominaram a Imprensa em todos os sentidos. Semanalmente, todos esperavam para saber quem eram os principais entrevistados da duas revistas. Muitas vezes, também  coincidia de a matéria de capa de Veja ser igual a de Isto É.

Logo em seu surgimento, se não me falha a memória três ou quatro anos após o golpe militar, Veja fez várias edições com matérias de qualidade, em que se destacava pelo aspecto democrático, contestatório do sistema, sempre fugindo da mídia comprometida, principalmente por Mino Carta ser autênticamente democrático e não aceitar interferências em seu trabalho. Mesmo assim, o jornalista foi muito perseguido pela censura pós-64. 

Quando passou para para a Isto É, Mino fez a mesma coisa que fazia no princípio de Veja. Mas com o tempo,  talvez aum pouco desiludido, negociou com o ex-ator de fotonovelas Domingo Alzugaray, que criou a Editora Três e por um bom período ainda  continuou no estilo do "Italiano", como os colegas costumam chamar Mino. Hoje Isto É consegue ser mais democrática que a Veaja, mas mudou muito sua postura inicial.

Tempos depois de negociar Isto É com Alzugaray, Mino Carta criou uma nova publicação, a revista  Carta Capital,  a que ele está até hoje e dentre as três revistas semanais a mais completa, pelo estilo empolgante e libertário de Mino Carta. Na Carta Capital se consegue saber verdades que Veja jamais publicará, principalmente de uns tempos para cá, em que a revista da Editora Abril, dos Civita,  está completamente "dominada" pela direita mais retrógada do País.

Mino hoje é um profundo crítico de parte da Imprensa. Recentemente, este escriba assistiu depoimento dele ao jogador Sócrates, em que ele diz que "jornalista é sempre metido, quer saber de tudo, quer saber mais de que os outros, nunca gostei muito deles", criticando a si próprio e à sua profissão.

Mino é assim mesmo. Muito intelgente e competente, mas polêmico assumido. Aos 78 anos, nascido na Itália mas  adotado pelo Brasil com 13 anos de idade, ao final da Segunda Guerra, tornou-se um jornalista e escritor valente, criativo e combativo. Além das três principais revistas semanais brasileiras, criou também a Revista Quatro Rodas, a mais autêntica e original de automoblismo do País. 

Demétrio "Mino" Carta. Escriba nota 10!

Além de jornalista é pintor e escritor. Como escritor, no ano 2000 escreveu  "O Castelo de Âmbar" e em 2006 deu sequência aos principias personagens do livro em outra publicação, "A sombra do silêncio". 

Atualmente, além de editar a Carta Capital, escrever em seu Blog e dar palestras em Universidades, Mino continua pintando, um de seus passatempos favoritos, nclusive já fez várias exposições. 

Recentemente fez uma série de palestras na Faculdade Cásper Líbero, por quem também recebeu há alguns anos o título de "Doutor Honoris Causa". Em uma dessas palestras, Mino foi bastante incisivo quando se referiu à revista Veja, a quem chama de "cloaca": "A mídia brasileira é dominada por uma elite herdeira do ideal da casa-grande, e que cuidou para que as coisas por aqui continuassem medievais". E foi mais além: "A revista Veja hoje é monstruosa, hedionda. Eu criei um monstro", completou.