Em entrevista recente a uma revista brasileira, João Ubaldo Ribeiro, o escritor baiano que completou 70 anos, atribui à Internet e ao excesso de palestras, "uma das obrigações do escritor para poder sobreviver", não conseguir concluir nenhum dos três livros que começou este ano. "Comecei três romances só em 2011 e com certeza não vai dar para terminar nenhum. Todos desandaram por conta de outras obrigações que me tomam os dias, como palestras e responder e-mails", diz um resignado João Ubaldo Ribeiro, imortal da Academia Brasileira de Letras, vencedor de dois prêmios Jabuti, o mais relevante da literatura nacional, e um Camões, o mais importante da língua portuguesa.
João Ubaldo confessa que ultimamente não tem lido nada. Diz que sua fase de grande devorador de livros, que foi até a pós-adolescência e quando foi professor, já passou. E quando pega um livro é sempre para reler. "Tenho lido vez por outras meu shakspearezinho, nada de novo. Mesmo porque, quando estou escrevendo não costumo ler", garante.
Ubaldo diz que esteve na festa literária de Paraty, no Rio de Janeiro, mas que não sabe quem são os novos escriyores que estão brilhando no Brasil. "Deve ter muita gente boa surgindo, mas não sei quem são. E se soubesse não diria para não fazer inimigos".
O baiano, que foi conviveu com seu amigo de Jorge Amado, e que na juventudo foi devorador da obra de Humberto de Campos, lamenta a geração atual não conhecer a obra dos escritores que foram seu ídolos. "É incrível como a maioria das pessoas hoje com 40 anos não conheça a obra de Humberto de Campos. Humberto foi um dos escritores mais populares do Brasil, todo mundo lia seus livros. Hoje ninguém lê Humberto de Campos". Ele diz também sentir que hoje poucos conhecem ou lêem outros clássicos internacionais que povoaram sua juventude. "Na minha juventude só se falava em grande escritores que infelizmente hoje poucos falam. Willian Faulner. F.Scott Fitzgerald, John Steimbeck, Thomas Wolfe, Ernest Hemingway", e diz não saber se existe tempo suficiente de impressão em massa para garantir uma perspectiva para julgar. E exemplifica: " Balzac (Honoré de Balzac), por exemplo, não entrou para a academia francesa de letras e hoje quem concorreu com ele só é lembrado porque ganhou de Balzac. Essas coisas são muito relativas".
Ubaldo, em charge alusiva ao Prêmio Camões. |
Apesar de haver começado três romances e não ter passado de 50 páginas de nenhum deles, João Ubaldo Ribeiro, para alegria de seus leitores, diz que em 2012 já tem planos definidos: vai se desligar do mundo pelo menos durante as manhãs para se dedicar à literatura. "Senão minha obra futura vai ser constituída basicamente de e-mails. E isso eu não quero", conclui.
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