O campeoníssimo Zagalo

Das figuras do futebol que aprendi a admirar, aponto pelo menos três que acho incomparáveis como personalidades respeitadas mundialmente. São elas Pelé, Zico e Zagalo. Pelé, já beirando os 71 anos, mesmo já tendo parado há pelo menos 35 anos, continua, pelo que foi como jogador de futebol,  o maior garoto propaganda do mundo. Um verdadeiro Midas: tudo que toca dá certo.

Zagalo com a camisa do Botafogo...

Zico, nem se fala. Eterno ídolo do Flamengo, o Galinho de Quintino é de uma família de muitos jogadores. Nando, Antunes e Edú são três de seus irmãos que brilharam por várias equipes brasileiras. Mas o craque da família, do Flamengo, da Seleção Brasileira, do Brasil e do mundo foi Zico.

... e hoje, aos 80 anos: sempre atento.

O terceiro é Mário Lobo Zagalo. Grande nome da Seleção Brasileira,  Zagalo completa hoje 80 anos de idade, com uma vida cheia de glórias, como jogador, atuando principalmente na ponta-esquerda, e como treinador em várias equipes do Brasil e do mundo, além de Técnico e Coordenador de Futebol da Seleção Brasileira. Em todas as áreas, o Lobo foi um vencedor.

Zagalo iniciou sua carreira, ao contrário do que muitos pensam, não foi no Botafogo, mas no Flamengo. Conquistou vários títulos pelo Mengão, como o Torneio Início de 1951 e 52, e o tricampeonato Carioca de 53, 54 e 55, o que lhe deu cacife para ser convocado para a Seleção Brasileira, que disputaria a Copa do Mundo em 1958 na Suécia. Era o armador pela esquerda, o homem que ajudava a defesa, o idealizador do contra ataque, o ajudante do lateral, um verdadeiro formiguinha, apelido que ganhou no time campeão do mundo. 

Zagalo  como jogador, além de  tricampeão pelo Flamengo e bicampeão pelo Botafogo (61 e 62), foi bicampeão mundial pela  Seleção Brasileira em 1958 e 1962.  No Botafogo participou da fase áurea do time, jogando ao lado de astros como Garrincha, Didi e Nilton Santos.

Com ele na Seleção,  o Brasil inovou taticamente e jogou em 1958 no esquema 4-3-3, pois Zagalo era um ponta esquerda que recuava para ajudar no meio-de-campo. Nessa Copa e na seguinte (1962) deixou na reserva  Pepe, grande ponteiro do Santos e companheiro de Pelé, na famosa equipe peixeira bicampeã mundial.

Aos 39 anos, em 1970, Zagalo foi o técnico da Seleção Brasileira, substituindo o jornalista João Saldanha, que foi praticamente destituído pelo governo militar, sagrando-se Campeão do Mundo, no México, com a equipe considerada a melhor formação do escrete nacional até hoje, com craques como Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza, Pelé, Rivelino, Clodoaldo, Gerson, Paulo César, Tostão, etc., craques inesquecíveis. Zagalo ainda ganhou titulos na Seleção como Coordenador de Futebol, Campeão da Copa 

América, enfim, uma quantidade de títulos que lhe dá o norrau de maior vencedor do futebol brasileiro.

Aos 80 anos o velho Lobo (gosta de ser chamado assim) é um homem louco por futebol. Diz que respira futebol e em  uma  de suas frases famosas, depois de vencer a Copa América deu um recado, supõe-se, para um jornalista global: "Vocês vão ter que me engolir. Agora eu posso até morrer, que morro feliz".

Zagalo apesar de ser uma figura polêmica é reconhecidamente um homem de sensibilidade, além de um grande conhecedor de futebol. Mesmo sendo nordestino de Alagoas, Mário Lobo Zagalo é bem carioca, pois chegou com oito meses ao Rio. É apaixonado pelo Botafogo, mas diz que ama o Flamengo, e torce pelos dois. No Brasileirão 2011, diz que o Mais Querido vai ganhar o título, principalmente pela ascensão de Ronaldinho Gaúcho.

Domingo, no clássico entre Botafogo e Vasco, o centro avante Loco Abreu usou a camisa com o número 13, que Zagalo imortalizou como seu numero de sorte. O Botafogo ganhou de 4 a 0 e Loco Abreu fez dois gols. 

Zagalo merece o respeito do povo brasileiro, principalmente dos desportistas. Brilhou pelo Flamengo, pelo Botafogo e pela Seleção Brasileira. Tem a cara do Botafogo. Mas, intimamente, tem qualquer coisa do Mengão, mas principalmente da seleção. Aliás, Zagalo tem a cara do próprio futebol.

Não seria interessante o Mano Menezes pedir uma bênção ao vovô de 80 anos Mário Zagalo? Talvez a sorte passe a estar  presente na vida de Mano e da nossa Seleção.