"Minha missão", com João Nogueira, a verdadeira beleza de ser o que é

A parceria na música tem a mesma força e importância que tem no futebol. Por exemplo: um meio de campo que joga junto há muito tempo, com certeza já se conhece tanto que joga em ritmo de música, as jogadas saem mais fáceis, os passes, etc. Dudú e Ademir da Guia, no Palmeiras; Clodoaldo, Gerson e Rivelino, na Seleção de 70,  Falcão, Sócrates e Zico, na fantástica Seleção de  82, Andrade, Adílio e Zico, no Flamengo no final dos anos 70,  e assim por diante.

 Na música: Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, Ivan Lins e Vitor Martins, João Bosco e Aldir Blanc, Chico Buarque e Francis Hime, Nilson Chaves e João Gomes, Rui e Paulo André Barata, Toquinho e Vinícius, e assim por diante. Sempre dá um bom resultado e muitas vezes, situções inesquecíveis.

A dupla de coppositores João Nogueira e Paulo César Pinheiro é outro grande exemplo disso. Paulo César,  que foi marido de Clara Nunes, é até hoje um dos grandes poetas e letristas da MPB. Com João Nogueira fez obras primas como "Poder da criação", "Súplica", "Mineira" (uma belissima homenagem à Clara Nunes), "Iô Iô" e muitas outras. "Minha missão", reputo como uma das mais belas e perfeitas letras de nosso cancioneiro.  Com versos perfeitos, uma letra de arrepiar, onde colocam o romântico, o social e o político, passando pela preservação da natureza e até pela religião. Uma obra prima, que emociona pela força da letra, a perfeita concatenação com a música e a explosiva e inigualável interpretação do grande João Nogueira. 

Este escriba oferece aos seus leitores, seguidores e navegantes de plantão esta genialidade musical dessa dupla de área, de ataque, de defesa que deixou várias marcas positivas na nossa música, que é João Nogueira e Paulo César Pinheiro. Ouçam e curtam nessa ensolarada manhã de quinta-feira, a beleza que é "Minha missão". De quebra a letra, para gravarem "na gaveta da memória".

 

Minha Missão

(João Nogueira e Paulo César Pinheiro).

Quando eu canto é para aliviar meu pranto
E o pranto de quem já tanto sofreu
Quando eu canto estou sentindo a luz de um santo
Estou ajoelhando aos pés de Deus

Canto para anunciar o dia
Canto para amenizar a noite
Canto pra denunciar o açoite
Canto também contra a tirania

Canto porque numa melodia
Nascendo no coração do povo
A esperança de um mundo novo
E a luta para se viver em paz

Do poder da criação sou continuação
E quero agradecer
Foi ouvida a minha súplica
Mensageiro sou da música

O meu canto é uma missão, tem força de oração
E eu cumpro o meu dever
Há os que vivem a chorar
Eu vivo pra cantar e canto para viver
Há os que vivem a chorar
Eu vivo pra cantar e canto para viver

Quando eu canto...

Meu pranto...
Quando eu canto a morte me percorre
E eu solto um canto da garganta
E a cigarra quando canta morre
E a madeira quando morre canta